A carteira de vacinação contra a covid-19 está sendo exigida em escolas de 1.248 municípios brasileiros, de acordo com levantamento realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Itaú Social. O número representa 37% das 3.372 cidades que participaram da pesquisa.

A ausência do cartão, no entanto, não impedirá o acesso do estudante à escola na maioria das cidades. Desse grupo, 37% das redes que vão exigir o cartão disseram que a falta dele não impedirá a frequência dos estudantes e 47% afirmaram que, apesar de não impedir a frequência, o Conselho Tutelar será comunicado. Em 8,7% das cidades, a falta de imunização vai impedir o acesso às salas de aula até a regularização da situação.

Presidente da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia reitera a importância de reparar os danos causados pelo ensino remoto com a intensificação e fortalecimento da aprendizagem. “Aquilo que durante o período mais crítico nós tivemos de fazer da forma como foi possível, mas com a certeza de que ficaram lacunas. Que seja uma intensificação e fortalecimento do processo ensino-aprendizagem nas escolas”, considera o dirigente municipal de Educação de Sud Mennucci, no interior de São Paulo.

Em relação aos profissionais da educação, 1.888 redes vão solicitar o cartão de vacinação contra a covid-19. Metade delas afirma que os profissionais não vacinados ou com vacinação incompleta serão orientados sobre a importância da imunização, enquanto 38% alegam que o cartão será para monitoramento; 58% planejam promover campanhas para sensibilizar sobre a importância da vacinação contra o coronavírus.

Conforme os organizadores da pesquisa com dirigentes municipais de educação, o objetivo da consulta foi de coletar sistematicamente dados sobre como tem sido o planejamento 2021-2022 e a oferta de educação para 2022; como as redes estão se preparando para o retorno ao ensino presencial; como estão as medidas de segurança sanitária, incluindo vacinação; e quais os principais desafios das secretarias municipais neste momento.

Aulas presenciais

Mais de 80% dos municípios estão oferecendo aulas totalmente presenciais aos alunos. O levantamento contempla respostas de 61% do total de municípios brasileiros, o que representa mais de 22,8 milhões de matrículas.

A principal dificuldade nesta retomada das atividades presenciais em 2022 é a organização do transporte escolar – seguido de adequação de infraestrutura das escolas públicas municipais para atendimento ao protocolo sanitário. O acesso de professores à internet, formação dos profissionais e trabalhadores em educação, planejamento pedagógico e (re)organização do calendário letivo para este ano também constam como desafios enfrentados pelas redes de ensino dos municípios.

Para além das dificuldades estruturais, os municípios têm centrado forças para recuperar a aprendizagem afetada durante o ensino não presencial. As secretarias da educação de 77% das cidades elaboram as propostas para enfrentar o desafio, enquanto 20% deixam a escola elaborar as próprias estratégias. Avaliações diagnósticas também foram aplicadas em seis de cada dez redes, e 33% fazem esse diagnóstico por meio de avaliações que as próprias escolas elaboram.

“A recuperação das aprendizagens exige um olhar sistêmico, com o propósito de reduzir as desigualdades ainda mais aprofundadas durante a pandemia”, diz Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social, ao defender articulação intersetorial.

Em 77% dos municípios pesquisados, as propostas estão sendo preparadas pela secretaria municipal de educação e enviadas às escolas. Outros 20% estão deixando a escolha das estratégias a cargo de cada unidade escolar, apoiando no que for necessário.

As avaliações diagnósticas têm sido o principal meio de diagnóstico de defasagens de aprendizagem: 60% das redes estão aplicando avaliações em todas as escolas e 33% fazem esse diagnóstico por meio de avaliações que as próprias escolas elaboram.

Imunização

A imunização de crianças de 5 a 11 anos contra o coronavírus, que começou em janeiro, é considerada por especialistas como fundamental para um retorno seguro da atividade escolar. Apesar disso, a vacinação para esta faixa etária enfrentou resistência por parte do governo federal, mesmo diante das evidências de eficácia e segurança.