São Paulo, 15 – O Brasil não tem nenhum caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) e o status de área livre da doença se mantém, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante coletiva de imprensa. “Já havia tido caso da doença na Bolívia, mas em um local mais distante, na Argentina também, mas, agora, um registro a 180 km, na fronteira do Brasil com o Uruguai, aumenta ainda mais a nossa vigilância”, disse.

Segundo o ministro, o importante é que o País tomará medidas e aumentará a fiscalização. “Há duas semanas, encontramos duas aves com sintomas (de gripe aviária) que estavam doentes em Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, e rapidamente foram feitos os exames que não comprovaram a doença”, observou. “Depois, em Manaus, na semana passada, foram detectados sintomas, mas não houve confirmação da doença”. O ministro disse que no Estado há monitoramento intensivo na região da Lagoa dos Patos.

Fávaro afirmou que o Brasil não está “livre de que a gripe aviária apareça”, mas que eventual detecção de H1N5 em aves silvestres não mudará os status de exportação do País. Ele lembrou também que não há risco de transmissão da enfermidade por meio do consumo de carne de frango e ovos. “Na Bolívia e no Peru, há casos de gripe aviária em granjas comerciais, mas na Argentina, Uruguai e Chile os casos são em aves silvestres”, explicou.

“Não vamos parar o trânsito nas divisas (do Brasil com outros países), vamos aumentar a fiscalização”, disse. Para o ministro, os protocolos de biossegurança de criadores já funcionam. “O Ministério está vigilante, acompanhando qualquer ave doente com eventual sintoma de H1N5. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e o ministério estão orientando produtores sobre reforço de prevenção”, disse. “Autoridades sanitárias internacionais mantêm contato em tempo real sobre gripe aviária”, acrescentou.

Durante a coletiva, o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, disse que as áreas de vigilância sanitária e de defesa do ministério estão reunidas para discutir ações a serem tomadas caso a doença seja registrada no território brasileiro. O risco de gripe aviária segue elevado em razão do período de migração das aves silvestres, mais concentrado na região entre o início do ano até abril/maio. “Período mais grave e agudo”, reiterou Goulart.

Em relação aos riscos da propagação da doença por outra via que não a de aves migratórias, o ministro lembrou que o Brasil não importa frangos dos países onde o H1N5 já foi constatado e que, por isso, “não há risco de chegada por comércio”. Goulart apontou que todos os casos de H1N5 da América Latina são confirmados em laboratório de referência no Brasil, referindo-se ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Campinas (SP). “Não dá para garantir que não vai acontecer (a doença em território brasileiro), mas estamos preparados para enfrentar e garantir status de exportação”, disse Fávaro.

O registro da doença em aves silvestres não afeta as relações comerciais brasileiras. “Não há suspeita e nem iminência de gripe aviária no Brasil”, observou Goulart. Ele lembrou, ainda, que a gripe aviária limita a oferta global de alimentos como já vem sendo observado em importantes players produtores, como Estados Unidos e União Europeia.

Além do risco sanitário e de perdas expressivas na produção, o registro do vírus acarreta efeitos comerciais negativos, como perda de mercados. No caso do Brasil, o fato de nunca ter registrado casos de influenza e de ter status de zona livre da doença tem sido apontado por representantes do setor como um diferencial competitivo para ganho de espaço no mercado mundial.