A revelação feita pelo Estadão de que o governo Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de joias avaliadas em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões, freou a estratégia do PL traçada para projetar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, levou o ex-presidente a estender sua permanência nos Estados Unidos e deixou até os aliados mais leais apreensivos com a repercussão do caso.

A avaliação de aliados próximos ao clã Bolsonaro e de parlamentares do PL ouvidos pela reportagem é de que o tema tem “materialidade” e desgasta o capital político do ex-presidente. Bolsonaristas consideram também que as explicações de Bolsonaro não convenceram.

O PL tinha planejado para hoje um evento de posse para Michelle no PL Mulher. A ideia era aproveitar a data do Dia Internacional da Mulher, mas a repercussão negativa do caso levou o partido a adiar a cerimônia preparada para dar visibilidade à ex-primeira-dama. O PL diz que o evento de posse está “em organização” e que a data ainda será definida. Michelle já despacha na sede da sigla e está montando sua equipe.

RECUO

Ontem o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nas redes sociais que o pai retornaria ao Brasil no próximo dia 15, mas recuou e apagou a mensagem pouco tempo depois. “Acabou a espera! Bolsonaro vem aí! No dia 15 de março, o nosso Johnny Bravo volta para o Brasil. Já pode pendurar a bandeira verde e amarela e vestir as cores do nosso país. Juntos, vamos fazer uma oposição forte e responsável, pelo bem do nosso Brasil. Deus, pátria e família!”, escreveu o filho mais velho de Bolsonaro.

O recuo veio em seguida: “Peço desculpas pela postagem anterior, deve ser a saudade grande! Na verdade, a data de retorno do nosso líder @jairbolsonaro no dia 15/março era provável, mas não confirmada ainda. Assim que houver uma data definitiva, ele mesmo divulgará, tá ok!.”, escreveu Flávio.

A ideia original era mobilizar as redes bolsonaristas para reunir uma multidão no Aeroporto de Brasília para recepcionar o ex-presidente na próxima semana.

COMUNICAÇÃO

O caso das joias veio à tona no momento em que Bolsonaro montava uma equipe de comunicação para assessorá-lo no Brasil. O grupo será comandado pelo ex-secretário Fabio Wajngarten.

Procurado, ele disse que “não há relação da escolha da data de retorno (de Bolsonaro ao País) e o caso das joias”. “O presidente vai voltar ao Brasil até o final do mês para liderar uma oposição robusta e defender suas bandeiras, como respeito à propriedade privada, costumes e liberdade.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.