A cautela internacional e a divulgação da lista de credores da Americanas pesam no Ibovespa, em dia de agenda de indicadores esvaziada aqui e no exterior. Neste sentido, o índice cai nesta quarta-feira, 25, após subir 1,16%, na terça-feira, aos 113.028,15 pontos.

“É um movimento técnico por região de preço. Como vem de alta, acho que é uma correção pontal, a não ser que surja algo, alguma notícia que mude essa avaliação”, diz Rafael Bombini, assessor da DOM Investimentos.

Nem mesmo a moderada alta do minério de ferro em Cingapura, enquanto as negociações em Dalian estão suspensas por conta do feriado do Ano Novo Lunar na China, e do petróleo anima. As ações da Petrobrás caem entre 1,50% (ON) e 1,65% (ON).

Na terça, a estatal anunciou aumento no preço da gasolina para as distribuidoras, a partir desta quarta. Após a alta, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou o aumento e isentou o governo federal de responsabilidade pelo reajuste. Disse ainda que o governo vai trabalhar pela mudança da atual política de preços da empresa. A eventual alteração é tudo o que o mercado despreza, ao sugerir interferência política.

Ainda que a presidente do PT não tenha força considerável sobre o assunto, isso é acompanhado pelo mercado. “Teria um peso maior se fossem falas do presidente Lula, isso não é novidade, mas é óbvio que fica no radar”, diz Bombini.

Além disso, o mercado monitora hoje a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Uruguai, especialmente após suas críticas ao Banco Central e à meta de inflação, e da pretensão em contar com bancos públicos para ajudar países vizinho.

As ações de grandes bancos – que têm participação de quase 14,50% no indicador da B3 – ficam no centro das atenções, após as decisões da Justiça em favor da Americanas e a divulgação da lista de credores pela empresa.

Entre os nomes das instituições com as quais a Americanas tem pendências financeiras estão Santander (-1,01%), Bradesco (0,87%/ON e -1,13/PN), Banco do Brasil e Itaú Unibanco (-1,29%). Com exceção de BB, que subia 0,03%, as s ações dessas instituições cediam.

De certa forma, o recuo não assusta, dado que já estava contemplado pelos investidores. “A não ser que os valores da dívida da Americanas com esses bancos subam”, diz Bombini. Por ora, o que mais é penalizado é BTG, cujas units recuavam 2,22%. Hoje, a Americanas confirmou que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o bloqueio do valor de cerca de R$ 1,2 bilhão em conta do Banco BTG.

O setor corporativo também fica no radar no exterior, com o mercado à espera da divulgação de balanços do quarto trimestre da Boeing IBM e Tesla. Mais cedo, a AT&T informou prejuízo de US$ 23,52 bilhões no último trimestre do ano passado e Boeing teve perda líquida de US$ 663 milhões (ou US$ 1,06 por ação) no período. Os índices futuros de ações em Nova York cedem. O destaque é a queda acima de 1,6% do Nasdaq, em meio ao recuo das ações da Microsoft, após a diretoria financeira da empresa indicar desaceleração na receita para os próximos trimestres fiscais. “Reflexo do balanço da Microsoft em relação ao futuro, medo de desaquecimento maior que o esperado”, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Na avaliação da LCA Consultores, os indicadores e sondagens recentes divulgados nos Estados Unidos reafirmam o diagnóstico de que a maior economia do mundo está atravessando uma recaída recessiva. Sendo assim, é crescente a expectativa de um aumento menos agressivo dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na semana que vem.

No entanto, a consultoria diz em relatório que é preciso reconhecer que persistem riscos que poderiam tornar a recessão mais severa e/ou prolongada nos Estados Unidos, a começar pela possibilidade de que o “Fed e outros bancos centrais sejam mais assertivos na alta adicional de juros”.

Às 11h18, o Ibovespa caía 0,59%, aos 112.356,13 pontos, ante abertura aos 113.028,01 pontos e mínima diária de 111.943,25 pontos (-0,96%).