Foi lançado ontem, em evento paralelo à Conferência do Clima, a COP 22, que acontece em Marrakesh, no Marrocos, o estudo Precificação de carbono: o que o setor empresarial precisa saber para se posicionar, elaborado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em parceria com o Carbon Disclosure Project (CDP) e apoio do We Mean Business. O objetivo da publicação é prover ao empresariado brasileiro toda a informação necessária sobre os mecanismos de precificação do carbono, sua eficácia na redução de emissões, benefícios ao desenvolvimento socioeconômico, impactos sobre a competitividade dos diferentes setores e como as empresas se inserem nesse processo.

O lançamento aconteceu durante discussão promovida em parceria com o Ministério do Meio Ambiente sobre precificação de carbono e estratégias financeiras para implementação das NDCs (os compromissos nacionalmente assumidos), na qual a economista Marina Grossi, presidente do CEBDS, representou o setor empresarial brasileiro: “Trouxemos o estudo a público aqui na Conferência do Clima porque as empresas são parte indissociável das soluções em favor da descarbonização da economia mundial e este é um mecanismo que traz maior previsibilidade para seus investimentos e maior competitividade para as soluções empresariais de baixo carbono. A publicação mostra como as empresas estariam inseridas nos diferentes mecanismos de precificação de carbono que podem ser adotados no país, bem como seus consequentes impactos, oportunidades e desafios”, diz Marina Grossi, que também integra o conselho consultivo do PMR (Parternship for Market Readiness) no Brasil. O PMR é um fórum de países criado pelo Banco Mundial em favor de ações para implementar mecanismos de precificação de carbono nos países participantes.

Atualmente, mais de 500 empresas no mundo já consideram o preço interno do carbono nas suas tomadas de decisões e outras 700 planejam fazer o mesmo até 2018, segundo o CDP. Precificar o carbono significa atribuir um preço aos gases de efeito estufa (GEE) de produtos ou serviços fornecidos à sociedade. A atribuição de um preço ao carbono pode vir sob a forma de imposto (taxação direta) ou da transação de certificados de carbono (comercializados no mercado financeiro), ou ainda de uma combinação de ambos os instrumentos. “É uma discussão complexa e que não se resume a escolher um ou outro mecanismo. Para ser eficiente na função de promover uma economia mais verde, a precificação do carbono deve ser entendida como parte de um quadro regulatório que direcione investimentos a tecnologias limpas, garantindo a transição eficiente para uma economia de baixo carbono”, afirma Grossi.

A União Europeia e cerca de 40 países e 24 territórios subnacionais já precificam o carbono, cobrindo 13% das emissões mundiais, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “A prática tem se expandido rapidamente, mesmo porque o artigo 6º do Acordo do Clima prevê o estabelecimento de um mercado mundial de carbono, que começa a ser esboçado nesta COP 22 e certamente terá um impulso poderoso com a adoção já iniciada pela China em seus mercados subnacionais, que deverão se integrar, tornando-se um mercado nacional no próximo ano”, pondera a economista Lilia Caiado, coordenadora da Câmara Temática de Energia e Mudança de Clima do CEBDS.

Nesse cenário, as empresas brasileiras precisam colocar a precificação do carbono no horizonte imediato das suas tomadas de decisões. “Tanto porque a eficiência em reduzir emissões impactará de maneira positiva a competitividade e a gestão dos riscos das corporações, quanto pela importante contribuição que pode trazer para o esforço mundial em conter a alta da temperatura global em 2 oC, com esforço para mantê-la em 1,5 oC acima da média pré-Revolução Industrial”, finaliza Marina. Fonte: Ascom