O Brasil exportou em janeiro 2,843 milhões de sacas de 60 kg de café, 16,8% menos que em igual mês de 2022. A receita também registrou queda no período, de US$ 700,1 milhões, para US$ 612,8 milhões, recuo de 17,8%. Os dados são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e foram divulgados nesta quinta-feira, 9. Segundo o presidente da entidade, Márcio Ferreira, em nota, após duas colheitas menores afetadas por fortes problemas climáticos há, ainda, certa resistência dos produtores em comercializar seu estoque da safra 2022. “As bases atuais de preço caíram significativamente desde outubro, fatos que justificam o recuo observado em janeiro”, afirmou. Em relação à receita, o declínio reflete o cenário do câmbio.

Com a queda acentuada das cotações internacionais há quatro meses, Ferreira explica que diminuíram os diferenciais dos cafés arábicas brasileiros, uma vez que as cotações no mercado físico não acompanharam o declínio externo na mesma proporção. “Os importadores têm preferido postergar novas compras ou optado por coberturas pontuais no mercado spot lá fora, ficando, apenas para último caso, novas aquisições diante desses diferenciais mais caros”, ressaltou. O preço médio dos embarques foi de US$ 215,56 por saca, ou 1,2% a menos do que os US$ 218,18 por saca de janeiro de 2022.

No acumulado dos sete primeiros meses da safra 2022/23 (de julho de 2022 a janeiro deste ano), os embarques brasileiros de café alcançaram 22,227 milhões de sacas, volume 3,8% menor na comparação com os 23,096 milhões de sacas exportados de julho de 2021 a janeiro de 2022. A receita no período avançou 23% na comparação anual, atingindo US$ 5,197 bilhões. “Esse desempenho no faturamento reflete as cotações mais elevadas entre julho e outubro do ano passado”, disse o presidente do Cecafé. O preço médio da safra 2022/23 é de US$ 233,83 por saca, 27,8% acima dos US$ 182,98 registrados em 2021/22.

Conforme o Cecafé, em janeiro, os Estados Unidos foram o principal destino do produto brasileiro, com 512.402 sacas, volume cerca de 30% inferior ao registrado no mesmo período de 2022 (710.285 sacas). O volume representou 18% dos embarques totais brasileiros no mês passado.

O café arábica foi o mais exportado no primeiro mês do ano, com 2,432 milhões de sacas, ou 85,6% do total. “O segmento do solúvel teve 320.287 sacas embarcadas, com representatividade de 11,3%, seguido pela variedade canéfora (robusta + conilon), com 87.584 sacas (3%) e pelo produto torrado e torrado e moído, com 2.219 sacas (0,1%)”, disse o Cecafé.

Os cafés diferenciados – que possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis – responderam por 19,8% das exportações totais brasileiras do produto em janeiro, com o envio de 563.945 sacas ao exterior. O volume representa crescimento de 0,7% na comparação com as 559.851 sacas embarcadas pelo país no primeiro mês de 2022.

O preço médio desse produto foi de US$ 261,19 por saca, com receita de US$ 147,3 milhões, o que corresponde a 24% do total obtido com os embarques no mês passado. No comparativo com janeiro de 2022, o valor é 10% menor.