Os municípios brasileiros de médio porte, principalmente na região Centro-Oeste, têm atraído cada vez mais investimentos. Esse movimento que ocorre em Mato Gross, Mato Grosso do Sul e Goiás, chamado de interiorização da indústria, está pautado na expectativa das empresas em diminuir seus custos através de incentivos fiscais e também por contarem com espaço maior para crescer. Goiás, por exemplo, deverá receber cerca de R$ 30,2 bilhões em investimentos em diversas áreas, até 2016, de acordo com o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), órgão da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) no Estado. 

No campo, puxado pelos investimentos, os grandes empreendimentos agropecuários acabam impulsionando o crescimento de outras empresas no Centro-Oeste. É essa internacionalização das companhias
da região que tem estimulado a busca por executivos para altas posições. Nesse contexto, muitas empresas locais familiares precisam recorrer aos profissionais  de outros Estados para preencher altas posições. Geralmente, no plano de sucessão dos acionistas majoritários, os filhos não estão prontos para assumir o negócio ou não têm interesse  pela gestão da empresa do pai, por exemplo. 

A junção desses dois elementos, a interiorização da indústria e a governança das empresas familiares, vem transformando o Centro-Oeste. Para quem gosta de desafios, está dada a uma oportunidade de atuar em regiões em pleno desenvolvimento. Não por acaso, nos anos de 2013 e 2014, entre as altas posições mais demandadas no Centro-Oeste estavam as de CEOs, sigla em inglês para Chief Executive Officer (presidente, diretor- presidente, diretor-executivo e diretor-geral), e CFO, sigla para Chief Financial Officer(diretorexecutivo financeiro e diretor-executivo de finanças). Segundo um levantamento da Fesa, 36% dos altos executivos que atuam no Centro-Oeste em agronegócios são formados em engenharia, 19% em administração e 17% em economia e contabilidade. Cerca de 50% dos altos executivos têm de 41 a 50 anos e 30% entre 31 e 40 anos. A maioria, 77%, tem pós-graduação e 41% não possuem inglês fluente.

Mas, apesar do cenário favorável, as dificuldades do casamento entre profissionais e empresas não é uma tarefa fácil. Se, por um lado, as empresas familiares necessitam cada vez mais de altos executivos, 
muitas ainda não possuem cultura de contratação desses profissionais. E da parte dos profissionais que atuam nos grandes centros, muitos ainda não vislumbram as oportunidades de uma região em pleno crescimento ou não estaria em seus planos abrir mão de sua estrutura familiar atual, ou mesmo pessoal. Por exemplo, ter à mão com certa facilidade a possibilidade de cursar um MBA ou outro curso de alto nível. 

Porém, aceito o desafio, é essencial que um candidato a um posto executivo esteja disposto a lidar com uma empresa familiar em processo de governança e ter a consciência de que irá se deparar com uma estrutura e gestão muito diferente da de uma multinacional. Assumir posições nessas empresas, seja de diretoria ou presidência, exige flexibilidade e resiliência. Mas não é somente isso. Além dessas
competências, é possível listar uma série de atributos necessários para se adequar às altas posições do agronegócio na região. Entre eles, está o entusiasmo, pois entrará em um momento de transformação da empresa, no qual será exigido muito do executivo. Também é preciso ser um bom executor, pois com uma estrutura mais enxuta será necessário colocar em prática boa parte de sua estratégia, por vezes 
envolvendo-se em questões operacionais. E liderança, um desafio não menos importante na gestão diária de uma empresa, uma vez que por anos ela teve apenas o dono como referência.