São Paulo, 12 – As usinas do Centro-Sul do Brasil processaram 45,067 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de agosto da safra 2024/25, iniciada em abril, queda de 3,25% em comparação com os 46,583 milhões de toneladas em igual período da temporada anterior 2023/2024. Os dados fazem parte do boletim quinzenal da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), divulgado nesta quinta-feira, 12.

“Os dados de produção da segunda quinzena de agosto ainda não retratam de forma efetiva o impacto das queimadas nas lavouras do Centro-Sul, especialmente em São Paulo, onde os incêndios ocorreram de forma mais intensa a partir do dia 22 de agosto”, afirmou o diretor de inteligência setorial da Unica, Luciano Rodrigues, em nota.

Levantamento parcial realizado pela Unica junto a empresas responsáveis por cerca de 75% da produção do Estado de São Paulo indicou que ao menos 231,83 mil hectares de cana-de-açúcar foram atingidos pelos incêndios em território paulista na segunda metade de agosto. Desse total, 132,04 mil hectares foram em lavouras que ainda seriam colhidas, com a área restante – 99,79 mil hectares – em locais onde a cana-de-açúcar já havia sido colhida ou lavoura de cana-planta.

O cenário deve ampliar a dificuldade para a fabricação de açúcar e intensificar a queda de rendimento agrícola da lavoura, concluiu o executivo.

“Os prejuízos associados à queima são diversos. Nas áreas em que a cana já havia sido colhida, o fogo pode exigir a necessidade de nova condução de tratos culturais, com suplementação de fertilizantes, pulverização foliar e aplicação de herbicidas, além do risco de não rebrota e o consequente replantio de parte da lavoura. Nas áreas onde a cana ainda seria colhida, o impacto dos incêndios pode incorporar a perda de qualidade da matéria-prima, a alteração do cronograma de colheita das usinas e a impossibilidade de processamento nos locais onde a colheita não pode ser realizada em tempo hábil para evitar maior degradação da cana-de-açúcar queimada”, explicou Rodrigues na nota.

Ao término da segunda metade de agosto, 258 unidades estavam em operação no Centro-Sul, sendo 239 unidades com processamento de cana-de-açúcar, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex.

A produção de açúcar na segunda quinzena de agosto totalizou 3,258 milhões de toneladas, queda de 6,02% na comparação com o volume de igual período da safra 2023/2024 (3,467 milhões de toneladas). Na última quinzena, 48,85% da matéria-prima disponível foi direcionada para a produção de açúcar, ante 50,75% observados no igual período da safra 2023/2024.

Na segunda metade de agosto, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 2,452 bilhões de litros (alta anual de 6,25%), dos quais 1,563 bilhão de litros de etanol hidratado (+10,27%) e 889 milhões de litros de etanol anidro (-0,14%).

Do total de etanol obtido na segunda quinzena de agosto, 14% foram fabricados a partir do milho, com produção de 348,63 milhões de litros, contra 236,53 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2023/2024 – aumento de 47,39%.

Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na segunda quinzena de agosto atingiu 155,34 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 153,92 kg por tonelada na safra 2023/2024, variação positiva de 0,92%.