São Paulo, 30 – O preço do litro de leite pago ao produtor caiu 6,4% em novembro em relação a outubro, para R$ 2,6374 o litro, na “média Brasil”, calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Na comparação com novembro de 2023, porém, houve alta de 25,9% em termos reais.

Conforme relatório do centro de estudos, o avanço da safra leiteira e o consequente aumento na oferta de leite no campo contribuíram para a queda de preços da matéria-prima, “o que pode continuar sendo observado em dezembro”, informa.

Ainda conforme o Cepea, a média de preços do leite pago ao produtor deve ficar próxima a R$ 2,60 o litro em 2024, ou 1% acima da média de 2023, em termos reais. “Apesar de a média anual de 2024 não se distanciar da de 2023, o comportamento dos preços ao longo desses anos foi bem distinto”, continua o Cepea. “Em 2024, o que mais marcou foi a sustentação do movimento de valorização do leite cru até o fim do terceiro trimestre. Esse prolongamento da tendência altista ocorreu devido ao crescimento lento da oferta no campo.”

Ao longo do ano, o Cepea comenta, ainda, que o estímulo à atividade foi menor do que o previsto no primeiro semestre de 2024, principalmente devido ao clima extremo, “fator crucial que influenciou negativamente a atividade”, sobretudo entre o segundo e o terceiro trimestres. Já o consumo se manteve firme e, no fim da entressafra, com o início das chuvas, houve queda considerável no estoque de lácteos, o que prolongou o movimento altista.

O centro de estudos relata, ainda, que a inversão da tendência ocorreu apenas a partir de outubro, com as chuvas da primavera elevando a quantidade e a qualidade das pastagens e favorecendo o incremento da produção.

Em relação aos lácteos, o Cepea informa que a queda no preço da matéria-prima se refletiu no recuo de preços. “Em novembro, a pesquisa do Cepea realizada com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostrou forte desvalorização do leite UHT (longa vida) no atacado paulista, e os preços da muçarela e do leite em pó registraram baixas menos intensas”, diz, no relatório. “Com estoques de derivados elevados, as importações de lácteos se estabilizaram em novembro (209,5 milhões de litros em equivalente leite), enquanto as exportações cresceram 5,8% (4,8 milhões de litros em equivalente leite).”

Em relação a 2025, o Cepea projeta que a produção possa manter o ritmo de crescimento entre 2% e 2,5% este ano – mesma base de 2024, que deve fechar o ano com crescimento na captação de 2%. “Os custos de nutrição animal seguem avançando e o poder de compra do pecuarista continua caindo”, adverte o Cepea. “Esse é, inclusive, o maior ponto de atenção para 2025.”

Para o Cepea, um avanço na captação acima disso “exigiria uma recuperação muito forte da oferta no primeiro trimestre de 2025, mas isso vai depender majoritariamente do clima”.