06/08/2018 - 11:00
Os drones estão chegando para dividir os céus com os aviões agrícolas. Essa é a previsão de analistas do mercado de aeronaves para os próximos anos. Juntar na mesma atividade Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) e tripulados ainda tem os seus desafios, mas essa união é inevitável. “Não tem como não avançar na tecnologia”, diz Ulf Bogdawa, 56 anos, CEO da SkyDrones, de Porto Alegre. “Estamos na era da inovação.” A Skydrones, que nasceu há uma década, é a única empresa do setor de Vants filiada ao Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag).
O Brasil conta com uma frota de 2,1 mil aeronaves, entre aviões e helicópteros, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que possui 3,6 mil aeronaves no campo. Nesse país, o movimento de união dos drones e aviões agrícolas já começou. No Brasil, ele está engatinhando. Para Bogdawa, o compartilhamento dessas duas atividades no campo é um movimento que se dará nos próximos cinco anos. “As empresas não vão mais se posicionar apenas como aviação agrícola, mas como companhias de aplicação de produtos químicos”, diz ele. Desde o início do ano, a Skydrones é dona da Sky Agri, empresa para atuar no mercado de aplicações áreas.
Para Júlio Augusto Kampf, diretor da Terra Aviação Agrícola, de Cachoeira do Sul (RS), e presidente do Sindag, os próximos dois anos serão de ajustes desse mercado. “A tecnologia de drones para aplicação ainda está em fase de pesquisa”, diz Kampf. “Além disso, há a regulamentação do setor. Ela não está pronta, está em desenvolvimento.” Para ele, os drones podem ter um papel complementar na aviação agrícola. Mesmo porque esse tipo de equipamento faz um hectare por vôo, enquanto um avião faz cerca de 50 hectares por hora. Assim, os drones podem auxiliar em áreas próximas a rios, em reservas ambientais e em pequenas propriedades onde a aviação é inviável. No próximo mês, entre os dias 6 e 9, cerca de duas mil pessoas devem passar pelo Congresso Brasileiro de Aviação Agrícola, em Maringá (PR), no qual estarão 80 expositores e 30 palestras, além de demonstrações aéreas. “Inclusive de drones”, diz Kampf. “Hoje eles estão em áreas de pesquisa, mas chegarão à área comercial.”