A China, maior importadora de carne bovina do mundo, e o Brasil, principal fornecedor global, estabelecerão um projeto-piloto como parte dos esforços para tornar a produção de carne bovina mais sustentável, informou a mídia estatal chinesa nesta quarta-feira.

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China se reuniu com instituições brasileiras para discutir métodos de garantir a transparência da cadeia de suprimento de carne bovina e o estabelecimento de uma plataforma de rastreabilidade transfronteiriça, informou a CCTV.

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Os países concordaram que um padrão global unificado seria fundamental para o sistema de rastreabilidade, o que também ajudaria a combater a falsificação de carne bovina. A reportagem não forneceu mais informações sobre o cronograma.

Sustentabilidade na China

As empresas chinesas há muito tempo priorizam o preço em detrimento da sustentabilidade, mas estão lentamente ganhando interesse em suprimentos mais ecológicos.

Em contraste com os esforços de sustentabilidade no Ocidente, que geralmente são liderados pelos consumidores, a mudança na China é impulsionada, em primeiro lugar, por sinais políticos e pela pressão dos investidores.

No entanto, traders e analistas de sustentabilidade afirmam que os custos mais altos e os desafios logísticos provavelmente limitarão a demanda por produtos sustentáveis.

A China importou 2,74 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, sendo que mais de 40% foram provenientes do produtor sul-americano, de acordo com a alfândega chinesa.

Emissão de gases da pecuária

A carne bovina é considerada uma das formas de alimento com maior emissões de gases, especialmente no Brasil, onde a produção de alimentos tem sido associada ao desmatamento de áreas de florestas que capturam carbono.

A criação de gado no Brasil está ligada a quase 24% do desmatamento anual das florestas tropicais globais e a aproximadamente 10% do total de emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com a organização ambiental The Nature Conservancy.

O pasto para gado é o uso inicial mais comum para áreas desmatadas na Amazônia e no Cerrado, uma prática que enfrenta limites legais rigorosos, mas continua ilegalmente.