20/08/2025 - 18:55
A China e a União Europeia (UE) seguem com restrições à carne de frango brasileira, mesmo o país tendo se declarado livre da gripe aviária há dois meses, apontou nesta quarta-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em evento sobre projeções e perspectivas do setor.
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Em 2024, a China foi o principal destino das exportações de frango do Brasil, com 10% de todo o comércio. A UE foi o sétimo principal comprador com, 216.879 toneladas importadas do Brasil.
As suspensões da compra do frango brasileiro foram impostas em maio, após o primeiro e único caso de gripe aviária em granjas comerciais ser detectado no Brasil, na cidade de Montenegro (RS).
A situação se normalizou após um mês de vazio sanitário (período sem produção para impedir um possível avanço da doença) e diversos países retomaram as importações.
Ricardo Santin, presidente da ABPA, criticou a manutenção dos embargos do país asiático e do bloco econômico europeu. Santin disse que não entende o fechamento dos mercados, “uma vez que há análise de fiscais que garantem a segurança das proteínas e que o consumo de carne, após o cozimento, não transmite o vírus.”
“Existe risco zero de contaminação por exportação de carne. Países estão perdendo dinheiro e a comida ficando mais cara para os mais pobres nos destinos”, disse Santin.
Ao todo, 10 países mantêm restrições a carne de frango de todo o Brasil, seis limitados ao estado do Rio Grande do Sul e seis estão limitando os embargos ao raio do município. Segundo Santin, uma missão do Chile veio ao Brasil nesta semana e deve retirar o embargo em breve.
O que justifica os embargos a essa altura?
De acordo com o presidente da ABPA, a China tem apresentado uma produção aumentada de carne de frango, o que por sua vez lhe dá a condição de poder postergar a retomada das compras de seu principal fornecedor.
A produção chinesa está voltando ao padrão de 57 milhões de toneladas anuais (chegando a quase 58 milhões em 2023), estabilizando-se após as quedas acentuadas causadas pelo programa da Peste Suína Africana (PSA) em 2018.
A aposta do setor exportador aqui no Brasil é que, embora haja um crescimento na produção, o mercado interno do país ainda não cresceu a ponto de substituir o Brasil nas importações.
“O mercado chinês cresceu, mas não cresceu a ponto de substituir o Brasil. Especialmente quando você lembra em pés e asas, que eles comem muito mais do que eles produzem”, aponta Santin.
Os pés e patas de frango são os maiores produtos importados pela China.
Queda nas exportações
A ocorrência dos embargos deve levar a uma queda de até 2% nas exportações de carne de frango do Brasil neste ano, para 5,2 milhões de toneladas, algo positivo segundo a ABPA, na comparação com outros países que também foram atingidos pela doença.
Para 2026, a previsão é de que as exportações cresçam aproximadamente 6%, podendo atingir 5,5 milhões de toneladas.
*Estagiário sob supervisão