Cinco pessoas foram executadas a tiros, no espaço de oito horas, neste domingo, 19, em Ponta Porã (MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai. A região é dominada por facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que disputam as rotas do tráfico de drogas e armas daquele país para o Brasil. Foi o fim de semana mais sangrento na região desde 9 de julho.

Em um dos atentados deste domingo, três homens foram surpreendidos quando estavam à frente de uma conveniência, no Jardim Primavera, na periferia de Ponta Porã. Dois ocupantes de uma moto desceram e descarregaram as pistolas. Os três foram atingidos por vários disparos, mas um sobreviveu.

Uma das vítimas tentou se refugiar em um mercadinho, mas foi perseguida e baleada várias vezes. Os mortos foram identificados como Aldenir Alves e Joaquim Antônio da Silva. As idades não foram divulgadas. O ferido foi levado para o Hospital Regional e não havia informações sobre o estado de saúde. Conforme a polícia, os ocupantes de uma caminhonete davam cobertura aos atiradores.

Outro crime vitimou Ederson Benites Cano, de 28 anos, quando ele chegava à sua casa, na Vila Ferroviária. Segundo a esposa da vítima, que presenciou a execução, um homem se aproximou e fez vários disparos. Ederson tentou correr, mas o criminoso continuou atirando até ele cair no meio da rua. O suspeito fugiu.

Já Orlando Batista da Silva, de 53 anos, foi morto com vários tiros na cabeça quando cortava a grama do jardim de sua residência, na Vila Áurea, em Ponta Porã. Conforme testemunhas, um homem chegou de moto, parou do outro lado da rua, se aproximou de Silva com a arma em punho e atirou seis vezes. Em seguida, o pistoleiro subiu na moto e fugiu.

A quinta morte aconteceu no lado paraguaio da fronteira. O carro em que estava um casal de paraguaios foi alvejado por dezenas de disparos. O homem, identificado como Mariano Ortega, morreu quando dava entrada no hospital de Pedro Juan Caballero. Sua mulher foi transferida para um hospital de Bela Vista, no Brasil, e estava em estado estável na manhã desta segunda-feira, 20.

De acordo com o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, as primeiras investigações indicam que se tratam de crimes relacionados a outros homicídios ocorridos na região. “Está mais para vingança de alguns grupos do que para ação de facções criminosas. No entanto, não há dúvida de que os crimes podem ter relação com o tráfico de drogas e outros crimes, mas só conclusão das investigações poderá aclarar”, disse.

A cidade de Ponta Porã, com 95 mil habitantes, registrou 40 homicídios de janeiro a 30 de novembro deste ano, aumento de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A projeção para este ano é de uma taxa de 46,1 homicídios por 100 mil habitantes, três vezes acima da taxa estadual, de 14,7 mortes por 100 mil. A região vive uma situação de guerra desde 2016, quando o PCC passou a disputar com outras facções, como o Comando Vermelho (CV), as rotas para o envio de maconha e cocaína para o Brasil. Nos últimos meses, esquadrões da morte que se intitulam “justiceiros da fronteira” também passaram a executar suspeitos envolvidos com furtos e roubos na região.

Chacina

Em 9 de julho deste, quando houve número igual de vítimas: quatro pessoas, entre elas duas estudantes de Medicina brasileiras, foram executados com dezenas de tiros na saída de uma casa noturna, em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã. Um quinto atentado vitimou um vereador da cidade brasileira.

Naquela chacina, uma das vítimas foi Haylee Carolina Acevedo Yunis, de 21 anos, filha do governador do departamento (estado) de Amambay, Ronald Acevedo. As brasileiras Kaline Reinoso de Oliveira, de 22 anos, e Rhannye Jamilly Borges de Oliveira, de 18, também estudantes de medicina e amigas de Haylee, morreram. Conforme a polícia, o alvo do atentado era Omar Vicente Alvarez Grace, o “Bebeto”, de 32 anos, também assassinado. Os assassinos deram mais de 100 tiros de fuzil e pistolas. A polícia paraguaia prendeu seis suspeitos. Um sétimo foi assassinado. A investigação apontou ligações do PCC com os crimes.