No final de fevereiro, as máquinas começaram a funcionar a todo vapor nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, dando início à colheita da safra 2014/2015. Os gaúchos são os maiores produtores do cereal, no País, e a previsão é de que a colheita desta safra registre 8,2 milhões de toneladas do grão plantados em 1,1 milhão de hectares. Caso os números se confirmem, esta será a maior colheita
desde 2010, obtida graças ao incremento da produtividade, hoje em torno 5,1 mil quilos por hectare, com pico de 7,3 mil no Estado. A produção gaúcha, equivale a cerca de 70% das 12 milhões de toneladas produzida no País, seguida pelos vizinhos de Santa Catarina, com 1 milhão de toneladas e pelo Maranhão, com 570 mil toneladas. “Como o Governo Federal possui cerca de 130 mil toneladas do cereal
em seu estoque, há expectativa de melhores preços no próximo período”, diz Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). “Mas isso pode não garantir maior renda ao produtor.” 

Desde o início do ano, o Governo Federal já realizou quatro leilões através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ofertou 60 mil toneladas armazenadas nos estoques públicos reguladores, como medida de prevenção anti-inflacionária. No ano passado, a cotação do cereal subiu 9%, ante 6,3% da inflação. O arroz ainda é, ao lado do feijão, um dos principais componentes da dieta básica da população, apesar da queda no consumo, na última década, de 70 quilos per capita ao ano para os atuais 66 quilos. 

Para Dornelles, excedentes do cereal poderiam ser exportados, mas isso depende de uma atuação mais consistente da política externa brasileira. “Precisamos resolver alguns conflitos de mercado”, afirma ele. Dornelles se refere a grandes produtores mundiais do cereal, nos quais os governos costumam ter grande influência. É o caso do Vietnã, Tailândia e Índia. Esses países subsidiam fortemente a produção, 
fazendo o arroz brasileiro perder oportunidades no mercado internacional.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), a produção mundial do cereal na safra 2014/2015 deverá ser de 475,05 milhões de toneladas, ante 476,37 milhões na safra anterior. Até a safra 2013/2014, os maiores importadores do cereal brasileiro eram Cuba, Venezuela e Senegal. No ano passado, o Iraque se tornou um cliente de peso, com 178 mil toneladas embarcadas. Um dos maiores mercados potenciais para o arroz brasileiro é a China, porém falta entre os dois países um acordo fitosanitário. “Há seis meses esperamos pelo retorno de um protocolo enviado a Brasília, no qual discutimos essa questão.”