06/10/2015 - 12:38
Desde que foi oficialmente lançado, o Programa Nacional de Proteção de Nascentes, já passou por seis municípios goianos, onde deixa a semente da preservação ambiental, além de uma equipe de suporte para o produtor que resolver abraçar a causa.
No último sábado (3), a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) chegaram ao distrito de Olhos D´Água, em Alexânia, região norte do Estado. Na ocasião, o presidente do Sindicato Rural (SR) do município, Daniel Carrara, anunciou que a meta dos alexanienses é proteger 100 nascentes até o final do ano.
O número foi baseado na meta do Senar Goiás, que pretende proteger 500 nascentes dentro do mesmo período. Segundo o Senar Central, autor da iniciativa em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em âmbito nacional a meta é proteger mil nascentes até o último dia de 2015.
A nascente escolhida para o “pontapé” inicial da iniciativa em Olhos D´Água, foi a Mina que leva o mesmo nome do distrito. Trata-se do principal e mais antigo curso d’água da região, onde os carreiros de carro de boi que trabalhavam nas fazendas, costumavam levar os rebanhos para beber água.
Presidente da Faeg, José Mário Schreiner, fez questão de destacar a importância da iniciativa. Foto – Anne VilelaNa ocasião, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, fez questão de destacar a importância da iniciativa. “Preservar a água é proteger nossa vida. Por isso resolvemos abraçar o projeto com tanto empenho, mostrando nossa preocupação com o meio rural e com o meio urbano”, disse.
Com a mesma linha de discurso, o presidente do SR de Alexânia e diretor executivo do Senar Central, Daniel Carrara, também ratificou a necessidade das parcerias e do empenho de todas as partes. “Colocamos nosso bloco na rua, agora é arregaçar as mangas e trabalhar. Falamos de um plano de proteção e não de recuperação, pois muitos produtores sequer sabem que possuem uma nascente dentro da propriedade”, pontuou.
Vivendo a preservação
Não é o caso do produtor de Olhos D´Água, Valdiceu Ribeiro. O piscicultor, proprietário de 27 tanques no distrito, nasceu e cresceu ao lado de 14 nascentes, mas optou por protege-las há cerca de 5 anos, o que resultou em um aumento no volume de água para a atividade. “No passado tínhamos muita água. O cenário vem mudando e a proteção tem se tornado mais que necessária”. Valdiceu aproveitou para elogiar a iniciativa, cujo objetivo é mostrar a preocupação do setor agropecuário com a qualidade da água e a preservação da biodiversidade brasileira.
Reforçando o time que joga em prol do meio ambiente, o prefeito, Ronaldo Fernandes, anunciou que o departamento jurídico da prefeitura já estuda a criação de um Projeto de Lei (PL) que vai determinar uma punição aos produtores que não protegerem suas nascentes. “Não estou fazendo isso por mim, nem pelos produtores que ali vivem. Estou fazendo pelos nossos filhos e netos”.
Com o objetivo de proteger e recuperar nascentes em todo o Brasil, envolvendo a participação de todos os estados, a iniciativa foi muito bem recebida pela cidade de Alexânia. Agradecendo a participação da população de Olhos D´Água, o presidente do SR, Daniel Carrara, fez questão de destacar a representatividade do distrito.
“Aqui temos um grande apelo ambiental – a própria cidade nasceu de uma mina, e nada mais justo que tenhamos aqui uma meta audaciosa: 100 nascentes protegidas até o final do ano. Esse lançamento de hoje representa a responsabilidade do produtor rural em ter dentro de suas terras o local em que a água brota. Precisamos reforçar que não existe brasileiro rural e brasileiro urbano. Existe gente que precisa da água”.
Para, Schreiner, que também é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o Programa vai possibilitar a interação com todos os envolvidos no agronegócio e na agropecuária. “A proteção de nascentes pode garantir o abastecimento de água no campo e na cidade.
Esse tipo de ação é fundamental não só para o cumprimento de uma legislação ambiental, mas principalmente para mostrar que os produtores rurais, juntamente com as instituições representativas, são protagonistas na proteção do meio ambiente, já que são os maiores interessados em proteger e preservar o meio ambiente, pois dele dependem para viver e para manter a sobrevivência do próprio negócio”, disse aos presentes. Na ocasião, a mina foi ponto de chegada do passeio ciclístico dos grupos Pedal Aventura e Pedal Olhos D´Águas.
Capacitando para preservar
Mas nem só de conscientização está sendo feito o Programa. O Senar Goiás oferece cursos de capacitação para quem colocar a mão na massa, sabendo exatamente o que está fazendo. De acordo com a instrutora, Kátia Fortaleza, cada vez mais a população quer aprender como proteger o meio em que vive. Ela ministrou, na região de Olhos D´Água, o treinamento de recuperação de matas ciliares e áreas degradadas.
Ao todo, 10 pessoas, participaram do curso, e ratificaram a necessidade da parte de conscientização, “que precisa andar de mãos dadas com a parte técnica. Eu soube que já houve alguns plantios às margens da nascente e que pessoas da própria comunidade destruíram a vegetação. É preciso mostrar para todos a importância dessas plantas para a qualidade dos recursos hídricos da região”.
Kátia explica que o objetivo do treinamento é apontar a importância da recomposição das matas ciliares e mostras os impactos causados ao meio ambiente caso não haja um trabalho com esse fim. O aluno aprende a identificar o problema e reconhecê-lo na propriedade rural, além de trabalhar com a produção de mudas nativas em viveiros florestais e com a implantação do viveiro florestal. Aspectos técnicos e métodos de recomposição e preparação do solo, assim como a escolha e a avaliação silvicultural de espécies locais também compõem o conteúdo programático.
Para o supervisor regional do Senar Goiás, Dirceu Borges, a realização do curso mostra como a ideia de preservação ambiental está sendo bem aceita na região. “Em paralelo já visitamos algumas propriedades e identificamos nascentes. Os produtores abriram suas porteiras e receberam a equipe muito bem, se disponibilizando inclusive a divulgar o programa”, pontuou.
Ele caracteriza a meta de Daniel Carrara – proteger 100 nascentes até o final do ano, como audaciosa, mas garante que o Senar Goiás já vestiu a camisa para trabalhar em conjunto com o SR e com todos os produtores da região, e alcançar esse objetivo. Fonte: Ascom