Desde que a safrinha de milho virou safrão, na temporada 2011/2012, chegando a 39 milhões de toneladas, 74% acima da anterior, as apostas eram de que o cereal continuaria a crescer em volume e área. No entanto, os planos minguaram. Nos últimos três anos, o crescimento da segunda safra de milho foi de apenas nove milhões de toneladas. Mas, se tomado como referência apenas a previsão para este ano, a estimativa é de empate técnico. A safrinha 2015, que será plantada após a colheita da soja, deve atingir 48,2 milhões de toneladas, cultivadas em 8,9 milhões de hectares, segundo a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab). 

O produtor Renato Schneider, sócio do grupo Wink, com fazendas em Chapadão do Céu (GO) e Porto Nacional (TO), nas quais planta soja, milho e cria gado nelore, vai reduzir a área de milho safrinha em
30%. Neste ano serão cultivados apenas 2,5 mil hectares com o cereal. “Tomei essa decisão depois do anúncio de aumento de impostos e da gasolina”, diz Schneider. “A lavoura vai ficar cara”. Segundo a
Conab, entre 2010 e 2014, o custo de produção do milho no País quase duplicou, passando de R$ 1,2 mil por hectare, para R$ 2,3 mil. Em Mato Grosso, o maior produtor do grão, o custo calculado em janeiro pelo Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea) permaneceu na faixa de R$ 2 mil.

Para Glauco Monte, diretor de commodities da consultoria INTL FCStone, de Campinas (SP), a queda nos preços do cereal, no ano passado, também contribuiu para diminuir o entusiasmo dos produtores pela safrinha neste ano. “Em boa parte de 2014 não houve uma situação favorável para o milho”, diz Monte. De acordo com dados do Cepea/Esalq, de meados de março, até outubro, a saca de milho
de 60 quilos caiu de R$ 34 para R$ 22, um recuo de 35%. Na Bolsa de Chicago, a cotação mais baixa para o cereal, em 2014, para entrega em julho deste ano, foi de US$ 8,2 a saca. De acordo com
Monte, a notícia de que os produtores americanos vão plantar mais soja na safra 2015/2016, a partir deste mês, somada à alta do dólar frente ao real, até ajudaram a recuperar um pouco o ânimo do produtor
nesta safrinha. “Mas, mesmo assim, acho difícil batermos a safra passada”, afirma Monte.