10/03/2021 - 12:18
A União dos Policiais do Brasil (UPB), formada por 24 entidades da classe, se reuniu na manhã desta quarta-feira (10) para contestar a inclusão da classe nas medidas de contenção de gastos da PEC Emergencial. Segundo Edvandir Paiva, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o governo está aproveitando a necessidade da população brasileira e “coloca o servidor público e os policiais como bode expiatório” na proposta.
“A medida é proporcional e necessária, mas não é proporcional colocar na Constituição o congelamento” dos salários, afirmou Paiva. Segundo ele, com a PEC, há o risco de os salários dos servidores ficarem congelados pelos próximos 15 anos.
O presidente da ADPF relata que os policiais estão trabalhando desde o início da pandemia da covid-19 na linha de frente e muitos deles adoeceram e faleceram por causa do trabalho. Segundo ele, durante esses 15 anos, não será possível reforçar o combate à criminalidade e atrair novos profissionais.
A classe afirma que não há renegociação salarial há 16 anos. “A narrativa do governo de aumento real de salário do servidor público durante esses anos soa como piada, como uma ofensa para nós”, afirma Paiva em referência à campanha do presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018. Segundo Paiva, “policiais que acreditaram tanto que seriam finalmente creditados pelo governo Bolsonaro estão desmotivados”.
Para André Luiz Gutierrez, presidente da Cobrapol, a PEC Emergencial instala “três desrespeitos”: ao cidadão, ao decretar um ‘valor ínfimo’ de auxílio; aos deputados, que atravessaram a “chantagem” da necessidade de decretar o benefício; e ao servidor público, “que tem que servir o governo”. Para ele, a proposta “decreta lockdown da segurança pública”.
Na avaliação de Gutierrez, durante os 15 anos estimados de congelamento salarial, “as granadas vão explodir e quem vai sentir todas essas granadas vão ser os brasileiros: na queda da qualidade do serviço da segurança pública, saúde, educação”. “Granada no bolso de todos, não só na segurança pública”, comenta. “Usaram essa PEC, embutindo nela essas maldades para os deputados votarem a favor dos R$ 250 aos cidadãos brasileiros”, afirma Gutierrez.