15/12/2014 - 11:31
Se atualmente o agronegócio é o motor da economia brasileira, representando nada menos que 22,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com cerca de R$ 1,1 trilhão, em muito esse protagonismo se deve ao cooperativismo. De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem 6,6 mil cooperativas ativas no Brasil, divididas em 13 ramos de atividades distintas. As ligadas às atividades rurais somam 1,5 mil entidades e reúnem mais de um milhão de produtores associados. Nesse cenário extremamente competitivo, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudeste Goiano
(Comigo) desponta entre as demais concorrentes. Pela segunda vez, a Comigo é a campeã no setor de cooperativas no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014. A goiana também apresentou a Melhor Gestão Corporativa do setor (veja quadro na página 62). “Ganhar novamente o prêmio mostra que estamos no caminho certo”, diz Antonio Chavaglia, presidente da Comigo há 28 anos.
Fundada em 1976 no município de Rio Verde, distante 230 quilômetros da capital Goiânia, a cooperativa tornou-se exemplo de gestão no Brasil. Quatro décadas depois, os esforços de 50 produtores que a
fundaram deram lugar a um negócio que deve chegar a R$ 2,7 bilhões de faturamento na safra 2013/2014. Com essa receita, o crescimento é de 12% em relação aos R$ 2,4 bilhões arrecadados em
2013, o que lhe garantiu a 45a posição no ranking As 500 Maiores Companhias do Agronegócio.
Com a prosperidade da Comigo, o município de Rio Verde pegou carona e também cresceu. Atualmente a região é a maior produtora de grãos de Goiás, com 1,2 milhão de toneladas por ano, nas mais variadas culturas, entre elas soja, milho e arroz. Tal desempenho colocou o município como o quarto mais rico do Estado, com receita anual de R$ 5,5 bilhões. “Com o crescimento da cooperativa, foram criados mais empregos e houve maior estímulo à economia local”, diz Chavaglia. Somente a Comigo emprega 3,3 mil funcionários diretos, todos moradores da região próxima às fábricas, que beneficiam a produção de 3,5 mil associados. No ano passado, a cooperativa processou cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja e 600 mil toneladas de milho. Com isso, produziu cerca de 200 mil toneladas de óleos da oleaginosa e 800 mil toneladas de farelo do grão. “Aumentamos a produção para continuar crescendo”, diz o presidente da Comigo.
Ainda de acordo com Chavaglia, para cumprir o desafio de continuar crescendo acima dos dois dígitos ao ano, a cooperativa desembolsou R$ 400 milhões em 2013, num ambicioso plano de investimentos
em seu complexo industrial de Rio Verde. O objetivo era a ampliação e modernização das estruturas fabris. Com isso, a capacidade armazenadora total passou de 1,2 milhão de toneladas para 1,4
milhão de toneladas.
O plano de investimento incluiu ainda a construção de duas fábricas e um laticínio. A primeira a ficar pronta foi a unidade de fertilizantes. Em funcionamento desde maio, a atual produção mensal é de 200 mil toneladas de fertilizantes, mas a meta é chegar a 400 mil toneladas. A segunda unidade inaugurada se destina à fabricação de rações e já está funcionando a plena capacidade. A produção total é de três
mil toneladas mensais de alimentos para peixes, pets, suínos e aves. A terceira unidade construída foi um laticínio que começou a operar em agosto deste ano, com capacidade inicial para processar diariamente 70 mil litros de leite longa vida. O restante dos investimentos, segundo Chavaglia, será direcionado à fabricação de sementes. A ideia é chegar à produção de 350 mil sacas por ano, com uma nova fábrica.
Enquanto a Comigo desbravou Rio Verde, a Coamo Agroindustrial Cooperativa fez trabalho semelhante em Campo Mourão, na região centro- oeste do Estado do Paraná. Fundada em 1970 por 79 agricultores, a cooperativa conta com 116 unidades localizadas em 67 municípios nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, para o recebimento da produção agrícola de seus 27,4 mil associados.
Eleita entre AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014 como a Melhor Gestão Financeira, a Coamo teve no último ano receita de R$ 8,2 bilhões (15a posição no ranking As 500 Maiores Companhias do Agronegócio). “Os números mostram a importância da Coamo no Brasil”, diz o José Aroldo Gallassini, presidente da cooperativa paranaense. Com capacidade global de armazenagem de cinco milhões de toneladas, a Coamo tem os grãos como carrochefe. A industrialização dos produtos é feita no parque fabril composto por indústrias de esmagamento de soja, e processamento de margarinas e gorduras vegetais, óleo de soja refinado, fiações de algodão, moinho de trigo e torrefação e moagem de café.“A estrutura da cooperativa nos possibilita estar entre as maiores do setor no País”, afirma Gallassini.