31/12/2024 - 7:00
O agronegócio brasileiro sofreu com as mudanças climáticas em 2024. Queimadas, enchentes e falta de chuvas prejudicaram principalmente a produção de milho, cana-de-açúcar, trigo e laranja.
A consultoria agrícola Datagro, que monitora 18 culturas por todo o país, apresentou um estudo para o site Dinheiro Rural onde mostra as culturas mais prejudicadas pelos fenômenos climáticos que ocorreram em 2024 e que a tendência é que esses números melhorem em 2025.
Soja
Observou-se um recuo na produção em 2023/2024 devido à irregularidade climática. O volume estimado é de 147,38 milhões de toneladas, redução de 7,23 milhões de toneladas em relação ao período 2022/2023. Apesar do aumento da área plantada pelo 17º ano consecutivo, a irregularidade climática, com quebra de safra em estados do Centro-Oeste e no Paraná, resultou em uma produtividade média de 3.300 kg por hectare, uma queda de 9% em relação ao ano anterior
Para 2024/2025 espera-se uma recuperação forte da produtividade e a maior safra da história, chegando a 171 milhões de toneladas. A expectativa é de um clima mais favorável que represente uma nova elevação da área plantada, atingindo 47,6 milhões de hectares, e uma recuperação da produtividade, que pode chegar a 3.600 kg por hectare, um aumento de 9%.
O esmagamento de soja também está batendo recordes, impulsionado pela demanda por óleo de soja para a produção de biodiesel, o que beneficia a produção de proteína animal. As exportações de soja, farelo e óleo recuaram em 2024, mas a balança comercial do complexo soja continua positiva.
Milho
Uma das culturas que mais sofreu com o clima nessa safra foi o milho. A produção, tanto na safra de verão quanto de inverno, recuou, impactada pelos custos mais elevados e pela estiagem. A produção total foi de 120,6 milhões de toneladas, representando uma redução de 13% na safra de verão, que registrou 24,2 milhões de toneladas, e de 11% na safra de inverno, registrando um volume total de 96,4 milhões de toneladas. A produtividade caiu 6% devido à estiagem que atingiu o país entre abril e julho.
Para 2024/2025, espera-se uma reversão, com aumento de área plantada e melhora na produtividade, com a produção total projetada em 101,1 milhões de toneladas na safra de inverno, um aumento de 5% em relação à safra anterior. Também espera-se um aumento de 1% na área plantada e uma melhora de 3% na produtividade.
Açúcar
A produção de açúcar em 2023 foi de 45,92 milhões de toneladas. Em 2024, a produção total de açúcar foi estimada em 44,05 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 4,1%. Essa queda na produção foi atribuída principalmente à seca e aos incêndios que afetaram a qualidade da cana-de-açúcar, resultando em menor disponibilidade de sacarose para a produção de açúcar.
Trigo
A produção de trigo em 2024 foi impactada negativamente pelo clima seco, resultando em uma queda na produção. Houve uma retração tanto na área plantada quanto na produtividade.
Para 2025, a expectativa é de recuperação na produção de trigo. As projeções indicam:
Aumento da área plantada para 3,26 milhões de hectares, recuperando a queda observada em 2024, e um crescimento significativo da produtividade, com a estimativa de 3,2 toneladas por hectare, um aumento de 21% em relação à produtividade de 2,64 toneladas por hectare em 2024.
A recuperação projetada para 2025 é atribuída à expectativa de condições climáticas mais favoráveis, que devem contribuir para um aumento na produtividade.
Café
O clima seco em 2024 teve um impacto negativo significativo na produção de café no Brasil. A seca prolongada resultou em baixa umidade do solo e ondas de calor, condições que prejudicaram o desenvolvimento das plantas e a colheita
Para a safra 2024/2025, a estimativa é de uma produção de 63,9 milhões de sacas. Essa projeção é inferior à estimativa inicial do USDA, que previa 66,4 milhões de sacas, mas foi posteriormente revisada para baixo devido aos impactos da seca na produção. Essa redução na produção brasileira reforça a expectativa de um déficit na oferta global de café pelo quarto ano consecutivo.
Pecuária
A produção de carnes bovinas, suínas e de aves tiveram um 2024 acima da média.A produção de carnes no Brasil em 2024 foi marcada por um crescimento significativo em todas as categorias: bovina, suína e de aves. Esse aumento se deve a uma conjuntura favorável de custos de produção, bom escoamento da produção e alta demanda tanto no mercado interno quanto externo.
Essa alta na produção resultou em um recorde para a exportação brasileira de carne em 2024. A exportação de carne bovina aumentou 26,5%, atingindo 2,53 milhões de toneladas. A receita com a exportação de carne bovina também subiu, passando de US$ 9,5 para US$ 11,6 bilhões. As exportações de carne de aves e suína também devem renovar suas máximas históricas em 2024, com aumentos de 3,1% e 9%, respectivamente.
Carne bovina: A produção de carne bovina está no pico do ciclo de oferta de longo prazo, com condições favoráveis de custeio, principalmente devido aos preços mais acomodados no mercado de grãos. Em todos os trimestres de 2024, houve um crescimento considerável na produção de carne bovina em relação a 2023.
Carne suína: A produção de carne suína também apresentou crescimento, especialmente no segundo semestre de 2024.
Carne de frango: A produção de carne de frango teve um aumento expressivo no segundo e terceiro trimestres de 2024, superando significativamente os números do ano anterior.