Há mais de um século, a indústria de fertilizantes tem desempenhado um papel fundamental na evolução da agricultura e no atendimento às necessidades nutricionais da humanidade. Atualmente, tais produtos são responsáveis por 50% da produção agrícola em alguns países e seu uso vem aumentando de forma quase contínua nas economias em desenvolvimento, que respondem por cerca de 60% do consumo mundial. Nesse cenário, o Brasil é um terreno fértil, pois é dos poucos países do mundo com enorme potencial de produção. A exemplo dos demais países emergentes, o Brasil tem dado prioridade ao uso de fertilizantes para intensificar cada vez mais a sua agricultura, atendendo às necessidades de uma população em acelerado crescimento.

As projeções sobre o agronegócio brasileiro na próxima década apontam para um crescimento da área plantada, da produção e da produtividade. Para contribuir com a oferta de alimentos no contexto mundial, é preciso atender à demanda por fertilizantes. Hoje, o Brasil é altamente dependente das importações de matérias-primas para a fabricação de fertilizantes minerais e fertilizantes simples, já que a indústria nacional não acompanhou o ritmo de crescimento das necessidades agrícolas do País.

A manutenção desse cenário impactará consideravelmente os custos de produção e a competitividade das principais commodities brasileiras. Portanto, é mais do que necessário implementar ações que minimizem tais efeitos sobre o agronegócio nacional. Uma dessas soluções é a possibilidade de uso de resíduos minerais e orgânicos, gerados nas mais diversas atividades humanas, para a produção de fertilizantes. No Brasil, a geração de resíduos aumentou em aproximadamente 74%, entre 1990 e 2008, enquanto a população cresceu, no mesmo período, cerca de 23%. Legislações específicas e alternativas para o reaproveitamento de resíduos e a minimização de sua disposição final estão sendo cada vez mais discutidas. Hoje, há uma limitação de áreas para a descarga de resíduos e seu tratamento, com grave impacto ambiental causado pela dispersão desordenada desses dejetos.

Em dezembro de 2004, uma instrução normativa do Ministério da Agricultura (Mapa) instituiu e regulamentou a criação de um novo tipo de fertilizante, chamado de organomineral. Esse fertilizante combina o uso de resíduos orgânicos devidamente tratados com nutrientes minerais. Já existem no Brasil empresas com tecnologia 100% nacional que tratam resíduos e os transformam em fertilizantes. Esse tipo de produto leva à redução na exploração em larga escala de minerais usados na fabricação de fertilizantes comuns, bem como mitiga os impactos ambientais decorrentes dessa atividade por causa do aumento da vida útil dos depósitos de resíduos.

O uso de fertilizantes organominerais contribui para o aumento da produtividade na agricultura, ao mesmo tempo em que atua de maneira eficiente na recuperação de solos degradados. Assim, é possível uma minimização do desmatamento de áreas florestais para a abertura de novas frentes de plantio. Os organominerais tambématuam na diminuição  da lixiviação de solos adubados com fertil izante mineral, o que leva à melhoria da qualidade das águas de rios e mananciais hídricos. Essa é uma contribuição positiva ao mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), pois permite a valoração ambiental, identificando os custos e benefícios econômicos e sociais no  ciclo produtivo de alimentos. As tecnologias para a produção de fertilizantes organominerais vão ao encontro do principal desafio da humanidade: aumentar a produção mundial de alimentos e, ao mesmo tempo, evitar a degradação ambiental.