Nova York, 10 – O setor agrícola está apostando que novas tecnologias de edição de genes de plantas vão resultar em melhores grãos e possivelmente reiniciar a antiga discussão sobre sementes com melhoramento genético. Empresas como Monsanto e DowDuPont vêm investindo em tecnologias de edição genética, que permitem fazer alterações precisas nos genes existentes das plantas. Executivos dizem que estão elaborando estratégias sobre como apresentar essas sementes aos consumidores sem levantar os mesmos temores e suspeitas que se seguiram ao desenvolvimento das primeiras sementes transgênicas, que envolviam a adição de genes de outras espécies.

“Uma grande parte disso é explicar os benefícios”, disse o CEO da Monsanto, Hugh Grant, durante o Global Food Forum, organizado pelo The Wall Street Journal.

A Monsanto e outras companhias do setor vêm defendendo há anos sementes geneticamente modificadas, que a empresa de St. Louis lançou para produtores em 1996. Ao longo das duas últimas décadas, essas sementes foram ganhando cada vez mais espaço e hoje dominam os campos de soja, milho e algodão dos Estados Unidos. Segundo Grant, temores iniciais sobre possíveis danos à saúde não se confirmaram.

Porém, as ressalvas feitas por consumidores a organismos geneticamente modificados, ou OGMs, têm a ver também com o possível impacto ambiental dos pesticidas usados em conjunto com essas sementes. Isso está ajudando a impulsionar um mercado crescente de alimentos feitos sem o uso de OGMs. O Non-GMO Project, que verifica o status de produtos alimentícios que alegam não conter OGMs, estima as vendas anuais desses produtos em US$ 19,2 bilhões.

O chefe da divisão agrícola da DowDuPont, James Collins, diz que a edição genética é diferente porque a tecnologia permite fazer alterações no código genético da planta sem a adição de genes externos. Por isso, ele diz, as ferramentas de edição de genes são mais parecidas com o antigo processo de cruzamento de diferentes variedades de plantas para a produção de uma versão melhorada.

Para persuadir consumidores a apoiar grãos geneticamente editados, as companhias terão de atuar “em nível bastante local”, disse Collins. Segundo ele, a indústria terá de transmitir para as pessoas a ideia de que uma variedade de milho que teve seu DNA editado para melhor resistir a estiagens, por exemplo, pode ajudar a alimentar uma população mundial que deve chegar a quase 10 bilhões em 2050.

“Você precisa de contexto”, disse Grant, da Monsanto. Hoje, “as pessoas estão cada vez mais distantes do campo, e de como alimentos são produzidos”.

Na DowDuPont, pesquisadores estão desenvolvendo uma versão geneticamente editada de uma variedade de milho usada em produtos industriais como adesivos. Collins diz que há potencial para o desenvolvimento de soja que produza um óleo vegetal mais saudável. A Monsanto já fechou uma série de acordos de licenciamento para poder usar várias tecnologias de edição genética.

Empresas menores, como a Calyxt e a Cibus, estão utilizando edição genética para desenvolver novas variedades de trigo com pouco glúten e canola resistente a herbicidas. Fonte: Dow Jones Newswires