Países, Estados e instituições financeiras e da sociedade civil anunciaram ontem, dia 7, novos compromissos de restauração para a América Latina e o Caribe, por meio da Iniciativa 20×20, um esforço liderado pelos países para restaurar áreas degradadas e desmatadas até 2020. Os novos compromissos incluem a restauração de uma área total de 24,8 milhões de hectares (ou aproximadamente 95.700 milhas quadradas, uma área quase do tamanho do Reino Unido) e recebem o apoio de financiamentos novos e existentes no valor de US$ 730 milhões por parte de investidores de impacto e outros parceiros financeiros.

A restauração é uma importante estratégia para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas, e os novos compromissos da Iniciativa 20×20 ajudarão os países a cumprirem com seus compromissos de reduzir as emissões, em conformidade com o acordo climático de Paris, ao mesmo tempo em que aumentam a adaptabilidade aos efeitos das mudanças climáticas.

A Iniciativa 20×20 tem o apoio do World Resources Institute (WRI), do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), do Centro Agronomico Tropical de Investigacion y Ensenanza (CATIE), da International Union for the Conservation of Nature (IUCN), da Bioversity International, do World Agroforestry Centre (ICRAF), da Netherlands Development Organisation (SNV), do Natural Capital Project (NatCap), do Instituto Alexander von Humboldt, na Colômbia, da Fundacion Agreste, na Argentina, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e da Fundação Amazonas Sustentável, no Brasil.

Os novos compromissos baseiam-se em promessas feitas por oito países, duas iniciativas regionais e cinco investidores de impacto anunciados durante o lançamento da Iniciativa 20×20 na COP20, em Lima, Peru, no ano passado, chegando a um total de mais de 18 milhões de hectares e US$ 365 milhões. Atualmente, a Iniciativa 20×20 conta com 6,18 milhões de hectares adicionais de compromissos de restauração por escrito, que incluem:

Nicarágua: 2,8 milhões de hectares
Honduras: 1 milhão de hectares
Argentina: 1 milhão de hectares
Estado de São Paulo (Brasil): 300.000 hectares
Estado do Espírito Santo (Brasil): 80.000 hectares
Costa Rica: 1 milhão de hectares (aumento de 50.000 hectares em 2014)
Chile: 500.000 hectares (aumento de 100.000 hectares em 2014)
American Bird Conservancy (programa regional): 100.000 hectares
As aspirações anunciadas por meio da Iniciativa 20×20 também apoiam o Desafio de Bonn, um compromisso global para restaurar 150 milhões de hectares até 2020, adotado pela Alemanha em 2011, e a Declaração de Nova Iorque sobre Florestas, que amplia esse desafio para 350 milhões de hectares até 2030.

“A restauração de terras é uma abordagem poderosa para abordar a produtividade agrícola, a conservação do capital natural e as emissões de CO2”, afirmou Luis Felipe Arauz, ministro da agricultura da Costa Rica.

Os investidores de impacto e financiadores bilaterais e multilaterais apoiarão as atividades de restauração da Iniciativa 20×20 por meio de financiamento e de mecanismos inovadores de financiamento. Até o momento, os parceiros da Iniciativa 20×20 estabeleceram uma meta de US$ 730 milhões, relativos a compromissos que chegaram a US$ 365 milhões na COP20, em Lima. Os mecanismos financeiros utilizados incluem um instrumento de gestão de riscos para investimentos em restauração de terras, implementados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, por meio do financiamento do Global Environmental Facility (GEF).  

“A restauração na América Latina é um investimento inteligente em todas as áreas nas quais desejamos obter retorno: financeira, social e ambiental”, afirmou Juan Carlos Gonzalez-Aybar, diretor da América Latina na Althelia Ecosphere. “Por isso prometemos nosso apoio, enquanto tantos outros grupos também se unem ao projeto.”

As mudanças no uso da terra, a administração florestal e a agricultura são responsáveis por aproximadamente metade das emissões de gases de efeito estufa na América Latina e no Caribe, ao contrário de áreas altamente industrializadas com pouca vegetação, onde as emissões normalmente são dominadas pelo setor de energia e emissões industriais. Mais de 200 milhões de hectares estão disponíveis para restauração na América Latina e no Caribe, de acordo com análises do WRI e da IUCN.

“A retenção do carbono por meio da restauração da natureza é essencial para alcançar uma pegada de carbono zero na América Latina e representa uma importante contribuição para manter o limite de dois graus desejado pela Conferência das Partes da UNFCCC em Paris”, afirmou Walter Vergara, membro sênior do WRI.

Por meio da Iniciativa 20×20, o países e investidores trabalharão para restaurar florestas em áreas desmatadas e aumentar a produtividade de “paisagens mosaico” ao utilizar de melhor forma as árvores na agricultura (agrossilvicultura) e na produção pecuária (silvipastagem). Espera-se que a restauração traga grandes benefícios econômicos, sociais e ambientais, ao melhorar a subsistência local, os serviços do ecossistema, como prevenção da erosão e a segurança da água, bem com o armazenamento de carbono.

“A América Latina e o Caribe podem fazer uma contribuição significativa para o acordo climático global por meio da restauração”, afirmou Jose Joaquin Campos, diretor geral da CATIE. “Mas isso também é interesse nosso. Como podemos perceber, as mudanças climáticas afetam nossa agricultura, aumentam o risco de desastres naturais e alteram os ciclos naturais. A restauração aumentará nossa adaptabilidade e nos manterá mais seguros e prósperos nas próximas décadas e no próximo século.” Para outras informações, acesse www.initative20x20.com. Fonte: Ascom