Já tentou imaginar o Brasil sem agricultores? Não é fácil, porque a arte de produzir alimentos sempre acompanhou a nossa história, a demografia populacional, a diversidade cultural. Além da profissão ser indispensável para o desenvolvimento da economia e o nosso bem-estar.

O que a sociedade seria sem supermercados, as padarias, as peixarias e os açougues, restaurantes, cafés, food-trucks, entre outros. A resposta é simples: não teríamos mantimentos ou nutrientes necessários para viver uma vida descontraída, conveniente e digna, muito menos roupas para usar ou energia para trabalhar.

Entretanto, a maior parte dos brasileiros não possui nenhuma relação direta com produtores rurais ou com a produção dos alimentos que consumimos. De acordo IBGE, mais de 80% da população brasileira vive hoje em cidades, a maior parte delas acima de 350 mil habitantes. O fato é que maior parte de nós já está há três gerações afastada de uma vida que envolve atividades agropecuárias.

Hoje, a única informação que diretamente liga os produtores rurais com os consumidores são as embalagens expressivas dos produtos e o preço – basta olhar para o anúncio de um jornal típico de um supermercado. De certa forma, com a urbanização as nossas opções alimentares têm aumentado, mas a diversidade da oferta, no supermercado, no restaurante, ou na mesa de jantar, ocasionou em novos dilemas, sobretudo: o que comer?

Apesar da desaceleração da economia brasileira em 2015, se estima que a demanda mundial de alimentos crescerá pelo menos 20% nos próximos 10 anos. Com abundância de terras agrícolas, o Brasil está em uma posição favorável, embora, o desafio agora é múltiplo; a produção terá de crescer significativamente, enquanto, ao mesmo tempo, temos de diminuir a nossa pegada ecológica e promover o consumo responsável, para agir com sustentabilidade.

Nesse sentido, como produzimos e o que comemos determinará em grande parte o uso que faremos do nosso entorno e o que será dele.

A necessidade de ligar os elos das cadeias de suprimentos e criar sistemas agroalimentares conectados, com transparência e responsabilidade, será fundamental para vencer os desafios da sustentabilidade. Isso também é possível com ajuda de plataformas transversais e sistemas de certificação, que buscam promover a comercialização sustentável de produtos agrícolas dentro das cadeias produtivas.

Tais iniciativas, como a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), Forest Stewardship Council (FSC), UZT e outras certificações, têm abraçado a complexidade dos sistemas agroalimentares e criado novas vias para o nosso alimento. Valorizando todo o sistema agroalimentar, conectando produtores rurais com varejistas e consumidores e permitindo decisões conscientes com produtos de qualidade e valor agregado.

Com mais de uma década de implantação as iniciativas têm incluído centenas de empreendimentos certificados abrangendo milhões de hectares pelo país, protegendo florestas e incentivando boas práticas agrícolas, ajudando a realizar uma transição mais ampla para o desenvolvimento rural sustentável no Brasil.