O consumo de azeite de oliva extra virgem no Brasil está em recuperação e poderá se igualar, entre junho e julho de 2025, aos patamares registrados no acumulado do ano de 2024 até aqueles meses, já que preços mais baixos são um incentivo para atrair pessoas que tinham buscado produtos alternativos diante dos valores recordes anteriores.

+Governo já interditou 17 marcas de azeite este ano; veja lista

A avaliação é de Eduardo Casarin, country manager da produtora de azeites Filippo Berio no Brasil e na América Latina. Em entrevista à Reuters nesta sexta-feira, ele disse que de janeiro a maio ainda foi registrada uma queda anual no mercado brasileiro de 3,5%.

“Mas já existe tendência, no acumulado do ano, dos meses de junho e julho, de se igualar ao consumo do ano passado”, destacou.

Em 2024, por conta dos preços recordes, o consumo do produto havia caído no Brasil quase 20% na comparação com 2023, segundo dados da Nielsen citados pelo executivo.

Ele afirmou que a garrafa do azeite oliva extra virgem de 500 ml, que chegou a patamares superiores a R$ 50, agora pode ser encontrada a R$ 35 a R$ 40 nos supermercados, dependendo da marca e da região.

“Tivemos redução bastante significativa”, afirmou citando, reduções de mais de 30% nos preços nos supermercados.

Em maio, de acordo com dado da inflação do IPCA, calculada pelo IBGE, o azeite de oliva acentuou a queda para 2,78%, já registrando uma variação negativa acumulada no ano de 4,42%, ainda que em 12 meses registre um alta de 0,97%.

“Agora estamos vendo recuperação do mercado brasileiro, ainda não recuperou os volumes do passado, mas vem de recuperação bastante acentuada. Isso está bastante atrelado à demanda elástica do produto”, afirmou, pontuando que, antes da forte alta nos preços, o azeite de extra virgem estava ganhando novos consumidores.

A própria Filippo Berio, empresa italiana que instalou sua filial no Brasil em 2020, teve uma redução de fatia de mercado no país de 4,5% para 2% nesse processo, em que consumidores buscaram produtos mais baratos, revelou o executivo.

Mas agora a “tendência é positiva”, já que no médio prazo não existe expectativa de aumento de custos do azeite, nem para a matéria-prima nem para o consumidor. “A expectativa é que haja retomada de consumo por aqueles que deixaram de consumir.”

A queda nos preços está relacionada ao aumento de produção global, especialmente na Europa, em 2024/25, além de boas perspectivas para a próxima colheita. No Brasil, ainda houve uma isenção da tarifa de importação de 9%, anunciada em março, com o governo tomando medidas para controlar a inflação.

O Brasil importa cerca de 95% do azeite de oliva que consome.

“A safra de 2024/25 (europeia) já teve significa melhora…”, disse Casarin, considerando que há também indicações de uma possível produção recorde em 2025/26, após boa florada ter sido verificada nos olivais –a colheita de azeitona na região mediterrânea vai de outubro a fevereiro.

Por ora, os preços de azeite devem se estabilizar nos patamares mais baixos atuais, disse ele. “Se houver novas reduções, vai ser com base em meados do segundo semestre, quando começam as previsões mais perto do início da safra”, disse ele, citando eventual pressão por vendas de estoques.

“Mas não diria que voltaremos a comprar azeite, como se comprava há cinco ou seis anos atrás, na casa de 20 a 25 reais. Acho bastante difícil voltar neste patamar de preço, porque houve aí um impacto inflacionário ao longo dos anos”, comentou.