14/07/2025 - 14:22
O consumo doméstico de etanol hidratado deve registrar queda de 18% na safra 2025/26, de acordo com projeções do Itaú BBA. A estimativa reflete a perda de competitividade do biocombustível em relação à gasolina, diante do avanço dos preços relativos nas bombas ao longo do ciclo.
Segundo o relatório Visão Agro, elaborado pelo banco, a participação do etanol hidratado no mercado interno tende a recuar em razão da redução na oferta do produto, com usinas priorizando a produção de açúcar, mais vantajosa do ponto de vista econômico. A expectativa é que a paridade entre etanol e gasolina nas bombas do estado de São Paulo se mantenha próxima de 70% durante a safra.
A produção total de etanol no país deve cair cerca de 7% em relação ao ciclo anterior, somando 32,6 milhões de metros cúbicos. A fabricação a partir da cana-de-açúcar deve recuar 14%, para 23,1 milhões de m³, enquanto o etanol de milho deve crescer 16%, totalizando 9,5 milhões de m³.
Para o etanol anidro, as perspectivas são mais favoráveis. Com o aumento da mistura obrigatória na gasolina de 27% para 30%, anunciado pelo Governo Federal e válido a partir de 1º de agosto, a expectativa é de alta na demanda já nesta safra. A medida é um desdobramento da Lei Combustível do Futuro, sancionada em 2024, que autoriza a elevação da mistura até 35%.
O banco avalia que essa mudança pode gerar impacto relevante no consumo, tanto em estados onde a gasolina C é mais competitiva quanto em regiões com maior oscilação no uso do biocombustível ao longo do ano. O aumento do teor de etanol anidro na gasolina tende a tornar o consumo mais estável, elevando a presença do biocombustível na matriz.
Na avaliação do Itaú BBA, as tarifas americanas anunciadas em 9 de julho acendem um sinal de alerta, mas o banco destaca que o etanol de cana-de-açúcar praticamente não tem substituto no mercado internacional — mais de 70% das importações dos Estados Unidos vêm do Brasil. Mesmo com a aplicação das tarifas, a substituição dos pouco mais de 300 milhões de litros por ano exportados pelo Brasil tende a ser difícil. A Consultoria ressalta ainda que o volume de etanol importado pelos EUA caiu significativamente nos últimos dez anos, e hoje os americanos representam apenas 15% das exportações brasileiras do produto.