O último levantamento do Ministério da Agricultura mostra que a captação de recursos pelo programa de crédito para cooperativas (Prodecoop) subiu 77,5% no primeiro trimestre desta safra, em relação ao mesmo período do ano passado. 

Para 2015, a expectativa é que o segmento se fortaleça ainda mais, dando apoio aos produtores em um cenário de margens baixas. “A cada ano as cooperativas assumem um papel mais fundamental, porque, além de produzir, elas precisam crescer junto aos quase um bilhão de associados ao sistema”, afirma o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do ministério, Caio Rocha. Entre as safras 2013/ 2014 e 2014/2015, o valor disponibilizado pela pasta ao Prodecoop do Plano Safra, passou de R$ 350 milhões para R$ 2,1 bilhões.

Em entrevista, Rocha lembra que esta é uma forte característica da agricultura brasileira, que tem atingido dimensões ainda maiores no Sul. Em relação ao cooperativismo, o sócio da consultoria MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, destaca o Paraná como a região que mais se desenvolveu em relação à governança, gestão e profissionalização. Em contrapartida, as unidades paulistas têm tido dificuldades de se desenvolver na mesma proporção, “principalmente, pelos problemas climáticos”.

Vantagens

O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, conta que, por conta da quebra média de 20% na produção cafeeira da safra 2013/2014, a unidade precisou recorrer ao mercado para compra de café de terceiros no intuito de honrar os compromissos dos produtores. “A meta era chegar a cinco milhões de sacas. Enquanto alguns perderam 50% da lavoura, outros não perderam nada porque a estiagem foi regionalizada. O nosso papel também é dar suporte ao cafeicultor”, enfatiza.

Segundo ele, a diminuição da oferta gerou recuperação nos preços, fato que ajudou uma das maiores cooperativas do mundo a manter seus níveis de investimento e continuar crescendo.

“A cooperativa é vital no momento em que se sente qualquer solavanco nos preços. Primeiro, porque permite a diversificação de atividades, alguma adição de valor aos produtos agropecuários, além da própria concentração da produção que dá margem para negociações melhores, seja de compra ou de venda”, explica Paulino . 

De acordo com o especialista, estas condições diminuem consideravelmente os riscos financeiros da cadeia produtiva. Outro ponto fundamental é na captação de crédito, uma vez que “as instituições financeiras recuam quando percebem alguma crise”, diz. Desta forma, a cooperativa consegue captar e repassar aos produtores agrícolas.

“De uma forma ou de outra, as cooperativas estão crescendo”, ressalta o presidente da Cooxupé. Para Paulino, os principais investimentos com recursos de crédito do governo federal são aplicados em armazenagem. No caso desta unidade, foi implantado um novo sistema de torrefação que está em fase de testes para uso a partir de meados de janeiro. A aplicação contou com R$ 18 milhões em capital.

Expansão ao Centro

A rentabilidade de R$ 4,48 bilhões atingida ao ano por parte das 40 cooperativas do agronegócio existentes em Mato Grosso pode crescer ainda mais, e a fórmula é a organização, é o que defende o consultor permanente do Fórum de Dirigentes Cooperativistas do Agronegócio de Mato Grosso, Fábio Chaddad, depois de divulgar o resultado.