O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defendeu nesta terça-feira que o mundo se comprometa mais com ações favoráveis ao meio ambiente, citando estudos que mostram impactos da severa mudança climática no planeta. “Estamos diante de um dos maiores desafios da humanidade e, por isso, compromissos negociados na COP-26 precisam acelerar avanços na direção da economia de baixo carbono”, disse. “Devemos estabelecer metas mais ambiciosas de Gases de Efeito Estufa (GEE) para limitar, no máximo, o aumento médio da temperatura mundial a 1,5ºC”, afirmou.

Andrade participou da abertura do evento “Dia da Indústria”, organizado no Pavilhão Brasil, durante a COP-26, em Glasgow, na Escócia. De acordo com ele, a ação conjunta é crucial para afastar riscos e minimizar questões econômicas e sociais trazidas pelos desastres ambientais, que já começam a ocorrer com mais frequência em todo o mundo.

O Acordo de Paris, segundo o presidente da CNI, foi um marco para essas ações. Ele ressaltou, entretanto, que o consenso leva em conta que cada nação estipule suas metas de forma soberana. “Nesse sentido, o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a apresentar metas absolutas de redução de emissão de GEE”, citou.

Andrade lembrou que, na Cúpula de Líderes sobre o Clima, realizada em abril, o Brasil se comprometeu a alcançar a neutralidade climática até 2050. O anúncio foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro e significa uma diminuição de dez anos em relação ao objetivo anterior.

Países menos favorecidos

Além de metas mais ambiciosas sobre impactos no clima, a COP-26 também discute questões importantes para a indústria brasileira, como a formação do livro de regras do mercado de carbono e a mobilização de recursos financeiros internacionais. O destaque foi feito por Robson Andrade, durante a abertura do evento “Dia da Indústria”.

“Nossa expectativa é a de que países desenvolvidos se comprometam efetivamente com o plano que prevê a liberação de US$ 100 bilhões por ano para apoiar ações de impacto nas nações menos favorecidas”, afirmou. É fundamental ainda, de acordo com ele, que se avance nas negociações que tratam do artigo 6º do Acordo de Paris (sobre o mercado de carbono global). “Isso é parte fundamental de um mercado internacional em que os países e as empresas poderão vender e comprar créditos de carbono.”

Para a indústria brasileira, defendeu o presidente da CNI, esse mecanismo deve contemplar normas competitivas e garantir a previsibilidade dos ciclos de elaboração e de revisão das metas, que devem ser fixadas pelos países. “É igualmente importante que os países tenham autonomia para definir os projetos a serem concluídos no novo mecanismo”, disse acrescentando que estes são pontos importantes para garantir a transparência das negociações, a contagem única dos créditos de carbono e a transição segura entre o mecanismo de desenvolvimento limpo (anterior) e o mecanismo de desenvolvimento sustentável.

Este é um dos temas pelos quais o Brasil vem mais lutando em Glasgow, no momento, já que há quem diga que não haverá consenso entre as partes e, como consequência, serão criados “clubes” de negociações. Para o governo brasileiro, esta possibilidade gerará menos transparência às transações.

Andrade disse ainda que reduzir, e até mesmo zerar, a emissão de Gases de Efeito Estufa, está no front da indústria doméstica. “Muitas empresas já se comprometeram a alcançar a neutralidade climática até 2050”, pontuou. Ele citou destaques da indústria química e de cimento.