O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica da economia) em 0,75 ponto porcentual, de 3,75% para 3,00% ao ano. Este é o sétimo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

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De um total de 58 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 48 esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 3,25% ao ano. Dez casas aguardavam pela redução de 0,75 ponto porcentual, para 3,00% ao ano.

Ao justificar a decisão desta quarta-feira, 6, o BC afirmou que, considera um “último ajuste” para a próxima reunião, “não maior do que o atual”, para fazer frente à pandemia do coronavírus, o que sinaliza que poderá haver um novo corte, de até 0,75%.

“Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da covid-19”, diz o comunicado.

Ao mesmo tempo, o BC afirmou que o comitê reconhece que “se elevou a variância do seu balanço de riscos”. “O comitê ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos “, completa.

No comunicado, o comitê afirma entender que a conjuntura econômica atual pede um estímulo monetário “extraordinariamente elevado”, mas reforça que há potenciais limitações para o tamanho do ajuste adicional. “O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”, completa.

De acordo com o comunicado, dois membros do comitê ponderaram na reunião que, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural, poderia ser “oportuno” prover todo o estímulo necessário imediatamente e sinalizar a manutenção da taxa básica de juros, para reduzir os riscos de não cumprimento da meta de inflação de 20201.

“Entretanto, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião”, completa o texto.

No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, conforme o Relatório de Mercado Focus, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 3,0% para 2,4%. No caso de 2021, a expectativa passou de 3,6% para 3,4%.

No comunicado de hoje, o BC também optou por divulgar seu cenário de referência, com câmbio constante a R$ 5,5 e Selic constante em 3,75%. Neste caso, a projeção do IPCA para 2020 passou de 3,0% para 2,3% ao ano. Para 2021, foi de 3,6% para 3,2%.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).