LOGEMANN, SLC: recursos para terras, correção de solo e maquinário

O dia 10 junho de 2007 vai ser lembrado como uma data histórica na Bolsa de Valores de São Paulo. Pela primeira vez, o valor de mercado das empresas que negociam ações na Bovespa atingiu a marca de US$ 1 trilhão. O número mágico reflete o extraordinário momento que vive o mercado de capitais brasileiro, do qual várias companhias do agronegócio nacional também querem participar. Em direção à Bovespa, no momento, cinco empresas do agronegócio aguardam o registro de companhia aberta da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM. São elas: Nova América, SLC, Marfrig, Minerva e Açúcar Guarani. Nunca tantas empresas rurais apostaram no mercado de capitais como agora. Os setores sucroalcooleiro e frigorífico se mostram os mais afoitos em buscar recursos no mercado. Afinal, ambos os segmentos vivem forte momento de expansão, alavancado, sobretudo, pelas exportações. Em comum, todas essas empresas querem levantar capital na bolsa para investir em aumento de capacidade – ou quitar dívidas por aquisições recentes.

À espera da aprovação da CVM, as empresas estão no período de silêncio, o que as proíbe de falar publicamente. Mas boa parte dos planos dessas companhias já é conhecido. Do segmento sucroalcooleiro, o grupo Nova América, dono da marca União, e o Açúcar Guarani esperam repetir na bolsa o sucesso de Cosan e São Martinho. Ambas querem captar recursos na Bovespa para financiar seus projetos de expansão. Presidido pelo empresário Roberto Rezende Barbosa, o grupo Nova América anunciou a construção de duas usinas em Mato Grosso do Sul que vão consumir investimentos de aproximadamente US$ 1 bilhão. A idéia da empresa é dobrar sua capacidade de processamento de cana de sete milhões para 15 milhões de toneladas nos próximos dois anos. Já o Açúcar Guarani, empresa controlada pelo grupo francês Tereos, precisa de capital para ampliar a produção das quatro usinas em operação, que juntas têm capacidade de moagem de 8,6 milhões de toneladas. O dinheiro também será destinado para o pagamento da aquisição de uma unidade e da construção da quinta usina da empresa, em Tanabi, interior de São Paulo. “O momento é ideal para abrir capital, pois há uma forte demanda por ativos brasileiros por parte de investidores estrangeiros”, diz Luiz Rogé, responsável pelo departamento de análise da CMA. Ele também lembra que com a grande oferta de dinheiro na praça as empresas passam a levar a sério a seguinte máxima do mercado: quem não compra, é comprado.

Já Marfrig e Minerva repetem o movimento iniciado pelo Friboi, que fez seu IPO em março. Capitalizada, a empresa da família Batista adquiriu a Swift americana (leia matéria na página 58). O cenário para o segmento de carnes é de forte crescimento do consumo, especialmente nos países em desenvolvimento. Somado a isso, o Brasil é o mais competitivo produtor de proteína bovina do mundo. “Por mais que os frigoríficos invistam em marcas, eles precisam é crescer em escala, afinal esse é um mercado de commodities”, diz Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Hoje, Marfrig e Minerva ocupam respectivamente a terceira e quarta posições entre os maiores exportadores de carne do País.

BARBOSA, NOVA AMÉRICA: construção de duas usinas

Quem também aguarda a autorização da CVM é a SLC, do empresário Eduardo Logemann, um dos maiores produtores de algodão do País. A empresa, que inclui uma divisão de máquinas, será a primeira do setor de grãos a estrear na Bovespa. No prospecto da SLC, a estimativa é levantar cerca de R$ 292,3 milhões na oferta primária de ações, com base em um preço alvo de R$ 14 por ação. Com os recursos, a empresa pretende investir em terras, correção de solo e máquinas e equipamentos. Cerca de 30% do dinheiro também será destinado a capital de giro, reforçando o caixa da empresa. Isso porque nos últimos dois anos a SLC opera no vermelho, com prejuízos acumulados de R$ 23,4 milhões. Mas para os investidores isso não importa. São os lucros futuros que interessam.