A presidenta Dilma Rousseff tem se tornado uma figura fácil de ser encontrada em Mato Grosso. Desde o ano passado, ela já desembarcou três vezes no Estado. A mais recente visita aconteceu no mês passado, para uma rápida vistoria à Arena Pantanal, um dos estádios da Copa do Mundo de futebol. No entanto, o tempo maior da virtual candidata do PT às eleições presidenciais de outubro foi gasto em uma cerimônia de formatura de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico Vera Ondei e Emprego (Pronatec), no Cenarium Rural, um moderníssimo espaço com vista panorâmica de Cuiabá e capacidade para acomodar até dois mil convidados. O local pertence à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), uma das entidades mais poderosas de produtores rurais do País.

Mas não é somente Dilma Rousseff que se movimenta em direção ao agronegócio. Eduardo Campos, pré-candidato pelo PSB, e o senador Aécio Neves, pelo PSDB, já acenam frenetinas urnas: Eduardo Campos (à dir.), Dilma Rousseff e Aécio Neves (à esq.) lutam pelos votos do campo camente para o setor. No mês passado, Aécio Neves também esteve em Mato Grosso. Convidado pela prefeitura de  Campo Novo do Parecis, que organiza a exposição agropecuária do município, o candidato não poupou críticas ao governo federal, naquilo que hoje é o principal entrave do agronegócio: a infraestrutura logística precária. No mesmo período e batendo na mesma tecla, a da logística, Eduardo Campos – que tem como vice de chapa a ambientalista Marina Silva – esteve no oeste do Paraná e em Santa Catarina, para uma série de encontros com lideranças locais.

Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas, o setor deve se posicionar diante dos candidatos com propostas claras de como gerir o agronegócio. 

“Temos de mostrar a todos eles as reais necessidades do homem do campo”, diz Rodrigues. “E elas são muitas.” Desde o início do ano, a FGV vem dando apoio à Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) para a formulação de um documento a ser entregue aos candidatos à Presidência da República. A Abag está reunindo um grupo de especialistas para que façam um extenso programa com  ropostas abrangentes e setoriais, que serão apresentadas em agosto, durante o congresso da entidade. A partir desta edição, a revista DINHEIRO RURAL vai acompanhar as iniciativas do agronegócio visando as eleições presidenciais.

Entre os temas abrangentes que constarão no documento da Abag estão políticas de renda ao produtor rural, comércio exterior, tecnologia, defesa sanitária e questões institucionais como, por exemplo, a articulação do setor junto aos poderes Legislativo e Judiciário, assistência técnica e desburocratização de processos. Dos temas setoriais, o documento deverá conter propostas sobre logística e infraestrutura, tributação, recursos humanos, mecanização, painéis na Organização Mundial do Comércio (OMC) e relações externas.

O projeto tem como coordenador-geral o pesquisador Elísio Contini, chefe do Centro de Estudos e Capacitação da Embrapa, em Brasília. “Estamos preparando um documento com pontos estratégicos e integrada do setor”, diz Contini. Segundo ele, que atua no agronegócio desde 1973, o documento pode servir como uma agenda de orientações para políticas destinadas ao setor, em curto, médio e longo prazos. “Há políticas que vêm de governos passados e ainda podem levar muito anos para serem implementadas na sua totalidade. É o caso, por exemplo, da infraestrutura logística”, afirma Contini. Para ele, é importante que haja um posicionamento do agrouma visão  integrada do setor”, diz Contini. Segundo ele, que atua no agronegócio desde 1973, o documento pode servir como uma agenda de orientações para políticas destinadas ao setor, em curto, médio e longo prazos. “Há políticas que vêm de governos passados e ainda podem levar muito anos para serem implementadas na sua totalidade. É o caso, por exemplo, da infraestrutura logística”, afirma Contini. Para ele, é importante que haja um posicionamento do agronegócio em relação ao que deve ser implementado no decorrer dos anos. O chefe da unidade da Embrapa dá como exemplo a integração do transporte fluvial com estradas e ferrovias. “Muito já se falou a respeito, mas há pouco tempo essa integração dos modais realmente começou a ser levada em conta”, diz.

Outra proposta de peso no documento será relativa ao seguro rural. Ela deve estar no bloco das prioridades. “O agronegócio é um setor complexo que requer estruturas de mercado cada vez mais sofisticadas”, diz Contini. Com esse foco, olhar para as exportações é fundamental, na opinião do pesquisador. “Defendo as vendas ao Exterior como uma dinâmica para todo o agronegócio, pois elas balizam e dão perspectiva às cadeias produtivas do agronegócio.”