O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), seguiu a linha declarada mais cedo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que a montagem do governo busca contemplar partidos, considerando uma combinação de capacidade técnica com a de articulação política junto ao Congresso.

“Não são composições com pessoas diferentes, mas buscar pessoas que reúnam as duas qualidades: tenham representação e peso político no Congresso e tragam consigo capacidade técnica para a área que será indicado”, disse, após a primeira reunião ministerial do terceiro mandato de Lula. Segundo o ministro, a composição da equipe do primeiro escalão será monitorada pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e pela Casa Civil.

Mais cedo, ao abrir o encontro ministerial, Lula afirmou que irá montar um governo com “gente técnica”, sem “criminalizar a política”. Apontou, contudo, que se “algo grave” for cometido, haverá investigação perante a Justiça. Observando que poderá ter até o próximo dia 24 completado a montagem do governo, o petista disse não ter vergonha de dizer que irá estruturar uma gestão com pessoas “muito competentes” oriundas da política. Disse, por outro lado, que será convidado a deixar a gestão da “forma mais educada possível” quem fizer algo “errado”.

Após desencontros, ministros e líderes evitam falar

Após uma série de desencontros na primeira semana do governo, ministros e líderes saíram da reunião ministerial evitando dar declarações à imprensa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na saída do Palácio do Planalto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que apenas o ministro da Casa Civil, Rui Costa, se pronuncie sobre o que foi tratado no encontro.

Outros ministros como Márcio França (Portos e Aeroportos) e Carlos Lupi (Previdência) também evitaram dar declarações a jornalistas. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) se limitou a dizer que a reunião ministerial foi “ótima”. Ao chegar ao Planalto mais cedo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou apenas que trataria com Lula do combate à fome. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), por sua vez, se limitou a dizer que provavelmente o presidente falaria sobre os 100 primeiros dias de governo.

A primeira reunião ministerial foi convocada por Lula para fazer uma espécie de “freio de arrumação” na equipe após declarações desencontradas de seus ministros que geraram ruídos no mundo político e no mercado financeiro. Lupi, por exemplo, foi desautorizado por Costa após defender uma revisão da reforma da Previdência e negar que haja déficit previdenciário. Além disso, o governo prorrogou a desoneração dos combustíveis após Haddad ter defendido o contrário.

No começo da reunião, Lula fez um discurso focado na necessidade de alinhar políticas públicas e fazer articulação com o Congresso. Em quase 2 meses de negociação, a equipe de Lula foi muito criticada por parlamentares pelos discursos divergentes envolvendo a Proposta de Emenda à Constituição da Transição que aconteceram em paralelo à montagem do novo governo.

Entre os críticos estavam, por exemplo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que contava espaço na composição da Esplanada dos Ministérios, mas acabou sem nenhum aliado indicado no primeiro escalão do governo.