18/02/2019 - 15:19
Agronegócio indireto | médias empresas
Reuniões diárias, viagens corporativas, telefone ocupado, compromissos públicos e uma agenda sempre lotada, inclusive aos feriados. Nos últimos 2 anos, tem sido assim a rotina do administrador Maurício Graziani, presidente da subsidiária da companhia americana Phibro Saúde Animal. Ao assumir, em 2017, o maior desafio de sua carreia, a presidência da companhia, o executivo sabia que tinha como missão manter a empresa forte e consolidada num período de turbulências na economia. Mas Graziani conta que estava preparado e a empresa tem passado ilesa pelas turbulências do mercado. Em 2017, a companhia cresceu 2% em relação ao ano anterior, com faturamento de R$ 347 milhões.
A matriz americana, a Phibro Animal Health Corporation , sediada em Teaneck, no Estado de Nova Jersey, faturou no mesmo período R$ 3 bilhões. “Estou na Phibro há mais de 4 anos. Eu já conhecia bastante a empresa e estava a par da estratégia”, diz Graziani. A filial brasileira – um das 50 que a companhia tem em todo o mundo – mantém-se como o principal negócio fora dos Estados Unidos.
Especializada na produção de aditivos para melhorar a absorção de nutrientes nas dietas de aves, suínos, bovinos, peixes e crustáceos, é a campeã na categoria em Agronegócio Indireto – Médias Empresas, do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. Ela também foi a melhor em Gestão Financeira, além de ser a primeira no setor de Nutrição Animal. Em operação no Brasil há 20 anos, a Phibro tem 440 funcionários em duas fábricas na grande São Paulo, uma em Bragança Paulista e outra em Guarulhos.
Nessas unidades, ela produz os princípios ativos comercializados pela marca, como a virginiamicina, molécula exclusiva que rapidamente ganhou o mercado por sua eficiência em elevar o peso dos bovinos. “Exportamos para o mundo inteiro o que fazemos no Brasil”, diz Maurício Graziani.
A companhia também tem uma imagem consolidada no segmento de aves e de suínos, os chamados monogástricos, que já chegaram a responder por 90% do faturamento. Hoje, respondem por 50% dos ganhos, mas continuam fundamentais para os negócios da companhia. A outra metade está distribuída em 35% para os produtos bovinos (corte e leite) e 15% na aquicultura. No segmento de aves e suínos, a Phibro tem como cliente todas as empresas do setor industrial de nutrição animal. Entre elas estão nomes importantes como a brasileira Premix, multinacionais, como a Seara e a BRF, além de grandes cooperativas, como a catarinense Aurora e as paranaenses Copacol e C.Vale. “Temos 350 clientes diretos, mais uma infinidade indiretos”, afirma Graziani. “E queremos continuar crescendo”, destaca.
Em Gestão Corporativa, na categoria Agronegócio Indireto – Médias Empresas, a vencedora foi a Duratex Florestal, sediada em São Paulo, empresa brasileira de capital aberto, controlada pela Itaúsa – Investimentos Itaú S.A – e pela Companhia Ligna de Investimentos. Com 67 anos de mercado, a Duratex tem forte atuação na produção de painéis de madeira industrializada. Também atua na fabricação de pisos laminados, louças, revestimentos e metais sanitários, representadas com as marcas Deca, Hydra, Ceusa e Durafloor.
A companhia possui 24 unidades industriais e florestais distribuídas em oito Estados. Além disso, detém três fábricas de painéis na Colômbia. Todos os negócios geraram à empresa, em 2017, o montante de R$ 4 bilhões, que representou crescimento de 2,1% em relação ao ano anterior. No caso da Duratex Florestal, braço agrícola da companhia, a receita foi de R$ 438 milhões. “Em 2016, o resultado da Duratex foi muito pequeno, mas em 2017 voltamos para o jogo”, diz Henrique Guaragna Marcondes, vice-presidente da divisão de madeira.
A Duratex Florestal produziu 5,6 milhões de metros cúbicos de madeira em 2017. Atualmente, a Duratex tem 296 mil hectares de florestas plantadas, sendo 275 mil hectares no Brasil e 11 mil hectares na Colômbia. “Nosso principal desafio é manter a competitividade para garantir sempre resultados positivos”, destaca Marcondes.
Para garantir qualidade e eficiência, a empresa investiu R$ 365,9 milhões em suas fábricas e florestas. Parte desse investimento foi direcionado para o monitoramento e o acompanhamento da qualidade da matéria prima. A Duratex utiliza o que há de mais moderno no mercado, como drones, imagens por satélites, redes neurais artificiais para mapeamento de problemas e busca de soluções. “Tudo isso nos auxilia a ter um mapeamento muito próximo do real”, afirma Marcondes. “Temos, também, um programa de melhoramento genético com foco em alta produtividade, para melhor qualidade da madeira, além da segurança contra pragas e doenças que possam nos prejudicar”.
Com estratégia de negócios bem definida e expectativa traçadas de um crescimento sólido nos próximos anos, a Duratex anunciou três importantes transações. Umas delas foi realizada em parceria com a Eucatex, indústria de capital aberto, de Salto (SP), que atua no mercado de papel e celulose. O acordo prevê a troca de instalações e de equipamentos para a produção de chapas finas de fibra destinadas à exportação. A fazenda da Eucatex fica localizada estrategicamente próxima da unidade da Duratex, no município de Itapetininga (SP). A segunda operação importante foi a venda de terras e florestas em São Paulo para a Suzano Papel e Celulose. A transação envolveu 29,5 mil hectares de áreas rurais e os ativos florestais. O negócio foi fechado por R$ 750 milhões. “A venda das áreas para a Suzano foi estratégica e deu mais robustez ao nosso processo”, afirma o executivo.
A terceira movimentação de impacto foi a criação de uma joint-venture com o grupo austríaco Lenzing para construção de uma fábrica de celulose solúvel. O negócio receberá investimentos iniciais de cerca de US$ 1 bilhão. O acordo também garante a venda da totalidade da produção de celulose solúvel para a Lenzing, em condições de mercado. “Estamos na fase de estudo e de estruturação desse projeto, que irá ampliar nosso leque de atuação para o mercado de celulose”, explica Marcondes.