Kamily Vitória Aparecida Silva, de seis anos, não tem o sobrenome Vitória por mero acaso. Portadora de Síndrome de Down e paralisia cerebral, após uma meningite contraída depois de seu nascimento, a pequena aprendeu a lutar pela vida desde o seu primeiro respiro. Todo este quadro seria desanimador se não fosse à força de vontade e esperança que à menina e sua família nunca perderam.

A vida de todos começou a mudar em 2013, quando conheceram, através do Centro Municipal de Habilitação e Reabilitação Arco íris, o Centro Educacional de Equoterapia Texas Ranch, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e descobriram ali, a oportunidade que Kamily precisava para se desenvolver.

Três anos depois de ter iniciado as aulas, a vida de Kamily mudou totalmente e a menina tem hoje uma rotina muito semelhante às crianças de sua idade. Frequenta a escola, adora brincar, sorrir e de se divertir na companhia dos pais, mas é às quartas-feiras, o dia das aulas de Equoterapia, o momento mais esperado da semana.

A mãe da menina, Maria Dalva da Silva, conta que desde o início, a filha tem tido grande desenvolvimento. “Depois que ela começou o tratamento, sua evolução foi muito boa. Ela não segurava o tronco do corpo com firmeza e já faz isso facilmente. Hoje ela senta, rola de um lado para o outro, se tornou uma criança superesperta e muito mais ativa”, destaca orgulhosa Maria.

De fato, está mais que comprovado a eficiência do tratamento equoterápico na reabilitação de jovens e crianças. Segundo a fisioterapeuta do Texas Ranch, Kátia Souza de Oliveira, o principal aspecto da Equoterapia é o movimento tridimensional proporcionado pelo cavalo. Este é um coadjuvante nas diversas técnicas que podem ser utilizadas em conjunto nos atendimentos.

“Durante o passo do cavalo é transmitido ao sistema nervoso central de quem está montado, o movimento tridimensional, que é o conjunto de três ações que a pelve dos pacientes em contato com a manta/sela produz. O praticante é impulsionado para frente e para trás, para esquerda e para direita, para cima e para baixo”, aponta Kátia.

Somente em um passo do cavalo é transmitido ao praticante 12 diferentes movimentos, isso faz com que o aluno se esforce involuntariamente para manter sua postura e equilíbrio sobre o animal. “Além dos diversos benefícios reacionários da atividade muscular, como: o aumento da força e coordenação motora, a Equoterapia ajuda na liberação de diversas substâncias benéficas proporcionadas pelo exercício físico”, detalha a profissional.

Os tratamentos equoterápicos variam conforme a necessidade de cada paciente. Hoje são muitos os assistidos pelo Texas Ranch. Entre as principais deficiências dos praticantes, estão paralisia cerebral, autismo, microcefalia, Síndrome de Down e sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC).  A também fisioterapeuta do Texas Rach, Dyelle de Melo Freitas, esclarece que o tratamento deve ser sempre indicado por um médico.

“Quando recebemos um novo praticante realizamos uma entrevista (triagem) inicial com os pais, acompanhados de exames e laudos médicos. Nas semanas seguintes são realizadas avaliações específicas com fisioterapeutas, avaliação com o cavalo acompanhada de psicóloga e da psicopedagoga. Autorizado pelo médico, iniciamos o processo de interação para criação e estabelecimento de vínculo do praticante com o animal e as terapeutas”, completa a profissional.

Os bons resultados obtidos no tratamento de Kamily e de todos os outros praticantes do Texas Ranch é resultado do trabalho em conjunto dos profissionais da instituição, dos pacientes e suas famílias, e sem dúvida deve ser celebrado neste dia, nove de agosto, data oficial da Equoterapia.

“É um grande presente para todos nós vermos a melhora no desenvolvimento de cada um dos praticantes. Eles dão todos os dias pequenos passos, mas que resultam em grandes vitórias. São exemplos o tempo todo de superação de limites. Aliás, para eles os limites não existem”, destaca a fundadora e responsável pelo Texas Ranch, Elizabeth Melani. Fonte: Ascom