O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, ressaltou o potencial da cultura de grãos, em especial a produção de amendoim, como alternativa para preencher os espaços para cultivo nas áreas remanescentes nas quais não é mais possível realizar plantio de cana-de-açúcar, em função da impossibilidade da colheita mecanizada, principalmente por questões de relevo. A afirmação foi feita durante o encerramento do 13ª Encontro sobre a Cultura de Amendoim, realizado no Centro de Convenções do campus de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), no dia 19 de agosto de 2016.

O titular da pasta explicou que em 2015, 92% da colheita da cana-de-açúcar foi mecanizada, e que a expectativa é avançar para 95% nesta safra. “Com a mecanização da colheita, cerca de 1 milhão de hectares que poderão ser ocupados por outras culturas até 2017, de acordo com o Protocolo Agroambiental. A safra de grãos cresceu nos últimos dois anos. Isso indica uma tendência para ocupar essas áreas remanescentes”, destacou.

O levantamento da previsão e estimativa da safra agrícola 2015/16, realizado entre 1 e 24 de junho, pela Secretaria, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), indica que a colheita de grãos deve somar 8,24 milhões de toneladas, o que corresponde a um acréscimo de 7% em relação ao ano agrícola anterior.

O Estado de São Paulo representa 90% da produção brasileira de amendoim e concentra todo o mercado praticado internamente e externamente no País. Normalmente o cultivo do amendoim é realizado em áreas de renovação da cana-de-açúcar.

A maior parcela do amendoim do Estado de São Paulo é cultivada no sistema de sucessão em áreas de reforma de canavial. Após a retirada do grão, há um intervalo de aproximadamente 130 dias até que ocorra um novo plantio da cana-de- açúcar.

Mas para atingir esse objetivo é preciso ampliar a pesquisa sobre a cultura, como explicou Arnaldo Jardim. O Instituto Agronômico (IAC) é responsável por grande parte das variedades de amendoim cultivadas no País. Suas pesquisas envolvem diversas áreas de conhecimento, como manejo, nutrição e melhoramento genético. “O nosso trabalho é desenvolver novas variedades para esse mercado promissor. É aproximar o conhecimento do produtor, como nos orientou o governador Geraldo Alckmin”, comentou o secretário.

Para fomentar o campo da pesquisa, é preciso incentivar as parcerias público-privadas. Nos últimos anos, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento tem procurado ampliar o trabalho conjunto com as instituições de ensino e entidades do setor.

Além disso, a Pasta criou os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), no âmbito dos institutos de pesquisa. Os NITs têm, entre outras atribuições, o objetivo de analisar e sugerir contratos e parcerias para transferência de direitos de uso de patentes e outras criações dos institutos.

Câmara setorial

A Câmara Setorial de Amendoim também vem contribuindo para o fomento da produção deste grão no Estado de São Paulo e no Brasil. De acordo com o secretário, os representantes da cadeia produtiva vêm atuando para enfrentar os desafios do setor. A principal conquista foi o reconhecimento do amendoim como Cultura de Suporte Fitossanitário Insuficiente (CSFI), junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A expectativa do setor é que o governo federal apresente, ainda neste mês, medidas que desburocratizarão alguns setores do agronegócio, principalmente com relação à fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).”A demora nas análises impede que os avanços do ponto de vista do tratamento de culturas e pragas possam acontecer. Nós temos que ver isso com maior agilidade, mas em se descuidar das análises, dos impactos ambientais”, comentou Arnaldo Jardim.

O encontro

O Encontro Sobre a Cultura do Amendoim é o evento mais significativo da região de Jaboticabal pois reúne produtores, pesquisadores, estudantes e profissionais da área, dando-lhes a oportunidade de apresentar, discutir e compartilhar idéias em suas áreas de atuação junto a essa cultura.

De acordo com o coordenador do evento, Pedro Luiz Costa Aguiar Alves, o encontro reuniu palestras e resumos de trabalhos apresentados sobre temas voltados ao mercado e aos aspectos nutricionais da cultura. “Nosso objetivo é integrar a pesquisa à extensão, por meio da apresentação de palestras e trabalhos relacionados ao cenário atual da cultura. Nossa expectativa é transmitir conhecimento aos produtores, para que eles possam gerar discussões e encontrar soluções para muitos de seus problemas no campo, além de atualizar o produtor e os alunos sobre o manejo e as tecnologias relacionadas à cultura”, comentou.

E o propósito foi alcançado, na visão do aluno de pós-graduação da Unesp, Antônio Tassio Santana Ormond, que classificou o encontro como positivo, pois abordou temas relevantes para criar alternativas para a cultura no território paulista. Para o estudante, algumas áreas de São Paulo precisam ser melhoradas e o encontro trouxe á tona o debate para a mudança das caraterísticas da cultura do amendoim, melhorar o cultivo convencional e desenvolver o trabalho com as máquinas. “As soluções tecnológicas para a mecanização da cultura do amendoim já estão disponibilizadas para produtores, cooperativas e demais empresas envolvidas no setor. A tecnologia voltada à produção desta cultura tem tudo para evoluir, pois os produtores estão em busca de técnicas agrícolas que permitam maior produtividade e menor custo de produção”, disse.

Além de palestrantes nacionais e internacionais renomados na área, o XIII Encontro sobre a Cultura do Amendoim premiou os principais trabalhos sobre a produção do amendoim. Fonte: Ascom.

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