São Paulo, 15 – Agricultores norte-americanos estão pagando preços significativamente mais altos por sementes, fertilizantes, reparos de equipamentos, mão de obra e produtos químicos. Os custos têm consumido parte dos ganhos de 2021, gerados pelo aumento dos preços das safras, e, segundo analistas, podem ajudar a aumentar ainda mais as contas de supermercado em 2022.

Os ganhos estão relacionados às restrições da cadeia de suprimentos e aos problemas de mão de obra. No ano passado, a inflação nos Estados Unidos atingiu seu ritmo mais rápido em quase quatro décadas. Os preços dos alimentos subiram 7% em janeiro, o aumento mais acentuado desde 1981, disse o Departamento do Trabalho dos EUA na última quinta-feira, 10. Os preços da carne e dos ovos continuam a subir a taxas de dois dígitos.

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Apesar das commodities agrícolas também seguirem impulsionadas, um relatório do Federal Reserve Board estima que os custos de fornecimento de insumos superem a alta dos produtos. Fertilizantes e químicos agrícolas como o glifosato, usado para matar ervas daninhas e outras pragas, estão entre as maiores despesas dos produtores e já registram alta de cerca de 200% em relação ao que apresentavam há 12 meses, segundo o vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da cooperativa agrícola CHS, Dean Hendrickson.

As sementes também estão em alta. A empresa norte-americana de sementes e agroquímicos, Corteva, disse que, com a inflação, aumentou seus preços em 10% no trimestre mais recente. Os produtos de proteção de cultivos da fornecedora também subiram 6% em comparação com o ano anterior.

O potencial de custos agrícolas mais altos pode alimentar a inflação contínua dos preços dos alimentos, disseram analistas. Os ganhos nas cotações do milho e da soja, por exemplo, elevam o custo da ração animal para os frigoríficos, que repassam o aumento aos consumidores.

O economista-chefe do mercado online de suprimentos agrícolas Farmers Business Network, Kevin McNew, disse não acreditar em um cenário de alívio para a queda dos preços dos alimentos. “Não é apenas uma questão de logística ou de cadeia de suprimentos para supermercados, é mais profundamente enraizado do que isso.”