O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, afirmou há pouco que os clubes de futebol podem acessar o mercado de capitais por meio de um sem-número de instrumentos e não só a clássica abertura de capital.

Nascimento falou na mesa de abertura do 17º Seminário de Gestão Esportiva realizado na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio. O evento é organizado pela FGV em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e em colaboração com a Fifa.

Nascimento fez longo elogio ao instrumento da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Segundo o presidente da CVM, essa figura jurídica abriu as portas do futebol brasileiro ao mercado de capitais, uma relação que descreveu como tardia se comparada àquela desenvolvida em outros países, onde os times comumente captam recursos de investidores em diferentes formatos de operações.

“Durante muito tempo, o investidor olhou para diferentes setores, como varejo, indústria e educação. O futebol no Brasil ainda não acessa o mercado de capitais. O que faltava era a SAF. Ela trouxe para o futebol o arcabouço que já existia para sociedades anônimas”, disse.

Agora, diz ele, falta aos clubes enxergarem que podem acessar recursos via mercado não somente por meio da abertura de capital com ofertas públicas iniciais (IPO), mas também títulos imobiliários e outros mecanismos mais inovadores como os títulos de dívida “debêntures-fut”.

“As pessoas enxergam que acessar o mercado de capitais é abrir o capital, fazer um IPO, mas existe uma imensidão de possibilidades para acessar capital. O mercado é inclusivo e capaz de receber times de futebol com perfis diferentes. Teremos clubes que, sim, se tornarão companhias abertas, mas outros poderão emitir títulos diferentes, como recebíveis imobiliários ou debêntures-fut, uma novidade da Lei da SAF”, disse.

Nascimento afirmou, inclusive, que os clubes menores podem acessar capital por meio dos chamados “crowdfundings”, as vaquinhas online, e seguirem com programas de sócio-torcedor que, disse, não implicam em relação tipicamente societária.

“A CVM está de braços abertos, representando o mercado de capitais e o governo, e convida os times de futebol a se adaptarem para transformar o futebol em ferramenta de crescimento econômico e social”, disse a uma plateia formada por executivos de futebol e alunos de pós-graduação voltados à gestão esportiva.