é doutoranda e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Com estabilização econômica, ocorrida na recente década de 90, a atividade pecuária, como todo o setor agrícola, teve sua rentabilidade reduzida em consequência do aumento dos custos de produção. Neste novo cenário, as modificações do negócio pecuário, associadas à internacionalização do comércio, passaram a ser fundamentais para a permanência do produtor no processo produtivo.

A intensificação da produção pecuária provocou uma redistribuição de recursos dentro da estrutura da empresa. Este processo desenvolveu-se no incremento dos planos administrativo, sanitário, genético, nutricional e de técnicas de manejo do rebanho. Entretanto, embora as pesquisas sejam abundantes quanto às tecnologias biológicas para melhoria dos indicadores produtivos, existe uma deficiência de trabalhos que integrem relações de eficiência bioeconômica.

A complexidade destas relações dificulta a avaliação do impacto das estratégias gerenciais na produtividade, e, por conseqência, na tomada de decisão pelo produtor. As ferramentas tradicionais utilizadas para esta tomada de decisão têm sido cada vez mais questionadas e as variáveis custo e tempo são apontadas como os principais problemas para a solução dos entraves gerenciais das empresas rurais. Considerando estes problemas, estudos de modelagem e simulação têm sido propostos como ferramentas de auxílio e apoio a decisão, capazes de minimizar os custos, reduzir o tempo de avaliação de projetos e permitir o aumento de renda do produtor.

 

No cocho: a pecuária necessita de mais modelos de gestão

A integração de conceitos e conhecimento em programas computacionais, utilizando técnicas de simulação e projeção de cenários, pode melhorar a utilização das informações dirigidas ao manejo dos sistemas comerciais de produção animal. Assim, a modificação de um componente do sistema produtivo permite avaliar a resposta dos indicadores de maior interesse nas empresas, dentre eles, a eficiência e a produtividade. A carência de sistemas de simulação que agreguem variáveis envolvidas em um processo produtivo tem levado os produtores ao uso de regras de decisão inadequadas, no sentido de maximizar seus lucros. Para o auxílio na tomada de decisões deve-se considerar informações econômicas e biológicas, envolvendo operações de manejo dentro do complexo planta – solo – animal. Modelos capazes de descrever a produção animal em pastagens são altamente complexos, pois envolvem as relações entre os processos vegetais e o meio, como também são dependentes de outros modelos para descrever a fisiologia do animal em pastejo e a interação entre animal e pastagem. O modelo de decisão adequado para a propriedade rural será aquele que atingir as expectativas e necessidades dos produtores, através de informações objetivas e corretas.

A utilização destas ferramentas computacionais, popularmente chamadas de modelos, para o processo de tomada de decisão proporciona aumento das chances de solução para os problemas levantados. Entretanto, não há garantia de sucesso da decisão, uma vez que existe a possibilidade de o agente não identificar a totalidade de alternativas para resolução das incógnitas administrativas da propriedade, bem como ter certeza quanto aos resultados advindos da implantação de qualquer uma delas, devido ao alto grau de incerteza do processo. Por fim, para que esforços de pesquisa com visão sistêmica resultem em modelos matemáticos mais sofisticados, versáteis e confiáveis, faz-se necessário o estreitamento entre recursos humanos das mais distintas áreas do conhecimento, a fim de formar equipes múlti e interdisciplinares que respondam de maneira clara e acessível aos anseios do meio agropecuário.

“A falta de sistemas de simulação induz os produtores ao erro”