São Paulo, 6 – O volume do complexo soja (grão, farelo e óleo) a ser exportado em 2023 deve registrar recorde de 125,40 milhões de toneladas, o que representa avanço de 23,3% em comparação com 101,68 milhões de toneladas em 2022. A projeção é da Datagro Grãos e considera a estimativa de embarques de 101,000 milhões de t de soja, aumento de 28,3% na comparação com o ano anterior; 22,000 milhões de t de farelo de soja (+8,1%); e 2,400 milhões de t de óleo de soja (-7,6%).

A receita cambial também deve ser recorde, apesar do forte recuo nos preços médios. A previsão total foi revisada para US$ 66,4 bilhões, ultrapassando em 9,4% o recorde de US$ 60,7 bilhões de 2022. Seriam US$ 52,5 bilhões decorrentes das vendas de soja em grão (+13,0%); US$ 11,3 bilhões da comercialização de farelo (+9,7%); e US$ 2,6 bilhões das vendas de óleo (-34,1%).

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A Datagro Grãos destaca que o desempenho positivo é resultado, entre outros fatores, da forte evolução na safra colhida neste ano, projetada em 157,227 milhões de t (+20%); novas perdas expressivas na safra dos Estados Unidos em 2022; avanço nas compras globais de soja e milho pela China, depois que a crise da peste suína africana (PSA) foi contornada; aumento das tensões nas relações geopolíticas entre os EUA e a China, além da queda no padrão de preços do complexo soja em relação aos picos do ano passado. Porém, no lado negativo, o levantamento aponta retração no consumo mundial no ano comercial 2022/23.

“O quadro de preços dominantemente mais fraco está associado ao avanço nos estoques mundiais na temporada 2022/23, com a confirmação de safra modesta nos EUA e Argentina, mas recorde no Brasil, combinado com consumo conservador por conta do quadro de desaceleração da economia global”, comentou em nota o economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos, Flávio Roberto de França Junior.

A indicação de receita maior a ser obtida no complexo soja deve contribuir fortemente para minimizar o recuo previsto nas exportações do Brasil em 2023, considerando a diminuição no ritmo de crescimento da economia brasileira. A atual projeção aponta para US$ 334,000 bilhões, praticamente estável ante o recorde de US$ 334,136 bilhões registrado em 2022. Com isso, o setor contribuiria com 19,9%, proporção superior ao recorde de 18,2% de 2022, superando com folga os 15,6% da média de participação dos últimos dez anos.