15/02/2023 - 20:21
Crescimento de 5,7 vezes em seis anos. Esse foi o impacto do bom momento vivido pelo agronegócio no setor de consórcio de máquinas e equipamentos agrícolas no País. Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), em 2022 mais de 109 mil cotas foram vendidas, ante as 19.050 registradas em 2017. Somente no último ano, a expansão chegou a 79,2%. Para o presidente-executivo da entidade, Paulo Roberto Rossi, os bons ventos devem continuar e até melhorar em 2023. “Com a previsão de o País bater novo recorde de safra neste ano, ultrapassando a marca das 300 milhões de toneladas, tudo leva a crer que o segmento de máquinas agrícolas continuará em expansão”, afirmou à RURAL.
Mais do que uma crença, a projeção é construída com fatos concretos. Afinal, a expansão do agro não deve ser pontual. Com perspectivas de alimentar o excedente populacional previsto para os próximos anos, os agricultores precisarão se preparar não só para expandir sua frota como também para renová-la. Só com o maquinário em dia, alcançarão a produtividade necessária para atender a demanda por alimentos. Mesmo que isso custe. Aqui entra o benefício da modalidade. “O consórcio é uma possibilidade de se planejar financeiramente para elevar a produção”, afirmou Rossi. “Prazos mais longos de pagamento, com custos mais baixos do que uma linha de financiamento comum levam a prestações que cabem melhor no bolso do produtor”, afirmou.
Ainda que o instrumento possa ser usado por agropecuaristas de todos os tamanhos, os pequenos e médios podem se beneficiar mais significativamente. Isso porque a flexibilidade de entrar em um grupo de 100 meses com a opção de esperar para ser contemplado por sorteio ou fazer lances, torna o consórcio uma grande opção para a aquisição de itens de preços elevados como um trator ou colheitadeira. Além disso, há a desobrigação de usar o montante recebido para um fim pré-determinado. “Se ele for contemplado com uma carta de crédito de R$ 500 mil, pode comprar qualquer máquina, de valor maior ou menor, ou até duas máquinas de R$ 250 mil”, disse Rossi. E a visão de futuro do executivo mostra ainda muitas oportunidades. “Logo, logo teremos máquinas autônomas, com muita tecnologia embarcada, cujos preços serão ainda mais altos”, afirmou.
MERCADO Além das características intrínsecas do produto, a opção pelo consórcio neste momento pode ser beneficiada por questões macroeconômicas. Com os juros de mercado em patamares elevados como os registrados em 2022 e com a mesma tendência esperada para este ano, a modalidade está atraente. Sua taxa de administração de 15% é dividida pelo prazo escolhido, se forem 100 meses, o cotista paga 0,15% ao mês. Bem diferente do financiamento com uma taxa Selic a 13,75% ao ano.
Segundo o gerente-geral Comercial do Consórcio Nacional Agritech, Antonio Carlos Teixeira, o crescimento anual de 30% na divisão de consórcio da empresa está muito ligado ao entendimento dos clientes sobre a necessidade de uma programação de compra diante da nova realidade de mercado. “Se ele quer manter ou aumentar a produtividade, vai depender de máquinas modernas e o consórcio é uma boa alternativa para essa aquisição”, disse o executivo da companhia, que é também dona das marcas Agrale e Lavrale.
Para 2023, Teixeira avalia que o mercado continuará aquecido. “Estamos nos programando para crescer de 20% a 25% porque o cenário de altas taxas de juros deve continuar”, afirmou. A expansão se dará sobre as cerca de 800 a 1 mil novas máquinas que o grupo comercializou no ano passado, volume que inclui todas as modalidades de venda e financiamento. Dentro desse total cerca de 10% devem ser via consórcio. Segundo ele, há ainda mais um fato que explica o crescimento dos números. “A expansão da fronteira agrícola para o Norte e Nordeste deve sustentar ainda mais o mercado de máquinas”. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apontam que as vendas do segmento no ano passado cresceram 5% sobre 2021, sendo a sexta alta consecutiva.
Mesmo com todas as vantagens, é de extrema importância que o consumidor conheça bem as regras do consórcio antes de optar pela modalidade. Cartilhas da Abac e do Banco Central podem ajudar a tomar a melhor decisão e, assim, garantir que o produto financeiro escolhido é o que melhor se adequa às necessidades da propriedade e ao bolso do produtor.