Sétima maior companhia de alimentos de capital aberto do mundo, a brasileira BRF está determinada a subir degraus rumo ao topo da lista. A empresa encerra 2015 com o anúncio de três grandes negócios: a aquisição da Golden Foods Siam (GFS), na Tailândia, e acordos para a compra da Eclipse Holding Cooperatief UA, na Argentina, e da distribuidora Universal Meats, no Reino Unido. O investimento, de quase US$ 500 milhões, deve ampliar em US$ 600 milhões o faturamento de 2016. Mas, foi pelo desempenho de 2014 que a BRF se sagrou a campeã da categoria AGRONEGÓCIO DIRETO – CONGLOMERADOS no
prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015.


Controle: nova estrutura conta com cinco diretores gerais que se reportam direto ao CEO Global da BRF, Pedro de Faria 

Dona de marcas fortes, entre elas Sadia, Perdigão e Qualy, no ano passado a BRF registrou uma receita de R$ 29 bilhões (US$ 11 bilhões), 4,4% acima de 2013. Os anúncios realizados no mês passado fazem parte de um pacote de investimentos que se somam a outras oito ações de parceria ou aquisição nos últimos dois anos. Elas aconteceram no Oriente Médio, na Ásia, no Reino Unido e na Argentina, e não devem parar por aí. A empresa já declarou a intenção de prosseguir firme com o seu plano de internacionalização, em 2016. “Continuamos atentos a novos investimentos”, afirma Flávia Faugeres, diretora geral da operação no Brasil. “A estratégia é fortalecer a nossa presença em mercados emergentes.”


Regra: para Flávia Faugeres, diretora geral da operação da BRF no Brasil, investimento é a palavra de ordem na companhia

A internacionalização da BRF tem caminhado juntamente com o processo de reestruturação da empresa, iniciado em 2013 com a chegada do empresário Abilio Diniz, ex-controlador do grupo Pão de Açúcar, à presidência do Conselho de Administração da companhia. Uma de suas medidas imediatas foi o início de negociações para a venda do setor de lácteos, composto por 11 unidades industriais e as marcas Batavo e Elegê, que a empresa não considerava atraente. A francesa Lactalis, do grupo Parmalat, levou o pacote por R$ 2,1 bilhões. Além disso, a BRF adotou um novo modelo administrativo no início de 2015, para imprimir maior agilidade aos negócios. Hoje, cinco diretores gerais, divididos entre as regiões Brasil, América Latina, Europa/Eurásia, Ásia e Oriente Médio, se reportam diretamente ao CEO Global, Pedro de Faria, executivo que atuou na criação de dois fundos de investimentos, o Pátria e o Tarpon.

No mercado interno, a ordem também é investir. “Ser uma empresa global ajuda a reduzir a dependência de um único mercado, mas não pretendemos diminuir o investimento no Brasil”, afirma Flávia. A BRF, que é dona de 33 centros de distribuição e 35 fábricas e frigoríficos para o abate de suínos e frangos, e o processamento de alimentos como margarinas, massas e vegetais congelados, vai ficar mais robusta. No mês passado, ela anunciou seu mais novo investimento: R$ 180 milhões em uma unidade em Seropédica (RJ), para industrializar carnes. Mas, a empresa não parou aí. Neste ano, o volume total de investimentos no País foi de R$ 1,85 bilhão. Além do Rio de Janeiro, o Mato Grosso está recebendo R$ 1,1 bilhão para expandir cinco unidades industriais. “Vamos produzir o que o consumidor quer”, diz Flávia. 


CRESCIMENTO: no comando da Syngenta no Brasil, Laercio Giampani, levou a empresa a faturar R$ 7,1 bilhões em 2014, 6,1% a mais do que o resultado obtino no ano anterior

ESCOLAS – Especialista na arte de comprar e organizar empresas, a JBS, da holding J&F, controlada pelos irmãos Wesley Batista e Joesley Batista, ficou em primeiro lugar em GESTÃO CORPORATIVA no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015.  Em 2014, a maior processadora global de carnes faturou R$ 120,5 bilhões (em moeda americana, US$ 45,3 bilhões, segundo a empresa de informações financeiras Economática), 30% acima do ano anterior. Capitalizada, foi às compras em 2015. A empresa adquiriu a área de suínos da Cargill nos Estados Unidos, por US$ 1,45 bilhão, e a Moy Park na Europa, por US$ 1,5 bilhão, grupo que pertencia à Marfrig Foods. Essas operações, em dólar, adicionaram R$ 20 bilhões em vendas para a companhia. “Vamos terminar 2015 com uma receita superior aos R$ 140 bilhões previstos”, diz Wesley Batista, CEO da JBS. “Somos uma empresa que cresce, digere, ajusta, consolida e cresce de novo.”

Para Batista, o segredo para reorganizar companhias está nas pessoas. Presente em 20 países e com cerca de 200 mil funcionários, ele afirma que na JBS a equipe possui uma cultura focada na postura de dono. “As pessoas têm diferença de hábitos, mas valorizam as mesmas coisas”, diz Batista. Para isso, o número 1 da JBS tem uma posição pragmática: o melhor caminho é o exemplo. “Não adianta falar, se você não viver na essência o que defende”, afirma. “O que você quer que os outros façam, faça você primeiro.”

Em GESTÃO FINANCEIRA, o primeiro lugar do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL ficou com a suíça Syngenta, especializada em produtos químicos e sementes para as lavouras.  Em 2014, a subsidiária brasileira faturou R$ 7,1 bilhões, 6,1% acima do ano anterior. A estratégia da companhia para continuar crescendo no próximo ano é se manter em sintonia com a necessidade dos produtores, que não são pequenas. A safra de grãos de 2015/2016, que começa a ser colhida nos próximos meses, pode chegar a 213 milhões de toneladas, 2% acima da anterior. “Não olhamos para o agricultor apenas como um cliente”, diz Laercio Giampani, presidente da Syngenta. “É alguém para quem devemos proporcionar uma oferta integrada, que englobe desde o planejamento do plantio até o pós-colheita.”

Para se aproximar de seus clientes, a Syngenta tem intensificado a oferta do barter. A ferramenta é um sistema de crédito ao agricultor, no qual a empresa oferece sua linha de defensivos e sementes em troca de parte da produção das lavouras. Ou seja, quase um escambo. Na safra 2014/2015 o sistema respondeu por 25% das vendas da companhia. O barter ganhou importância porque garante ao produtor acesso fácil ao crédito de custeio da safra. “Isso é parte da estratégia de ter uma ferramenta de gestão de risco disponível ao produtor rural”, afirma Giampani. “O que nós fazemos é preparar gente para ter boa performance no campo.” A operação começou a ser utilizada pela Syngenta em 2011 e cresceu tanto que 40 técnicos se dedicam ao barter atualmente. A empresa ainda conta com 550 funcionários nas propriedades.