Para uma empresa da área de papel e celulose, o campo pode ser tão importante quanto a indústria. É nas florestas, afinal, que muitas das atividades que geram bilhões de reais começam a nascer. No caso da Klabin, maior fabricante e exportadora de papéis do Brasil, o eucalipto dá origem à celulose de fibra curta. O pinus, à celulose de fibra longa. Como os números da Klabin são superlativos, o desafio de desenvolver produtos de qualidade é igualmente monumental. Todos os anos, a empresa precisa aumentar a produtividade, inovar no plantio e na colheita, e fazer tudo isso com responsabilidade ambiental, evitando gerar impactos negativos para a natureza. Trata-se, portanto, de um trabalho com várias dimensões – e que, lá adiante, pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso financeiro. Nos últimos anos, o campo tem sido essencial para os expressivos resultados econômicos da Klabin, que se sagrou em primeiro lugar no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015 em AGRONEGÓCIO INDIRETO – GRANDE EMPRESAS, ficando também em primeiro lugar em GESTÃO FINANCEIRA neste grupo.

A Klabin mantém operações florestais em 72 municípios e conta com 491 mil hectares de terras próprias. Desse total, um pouco menos da metade (211 mil hectares) é destinado à preservação de florestas nativas. No Paraná, a área da companhia representa a maior mancha verde no Sul do Brasil, identificável inclusive por fotos de satélite. Sob o comando do diretor-geral Fábio Schvartsman, a Klabin alcançou um saudável equilíbrio. Apesar do aumento da produção e venda de papel e celulose, que impulsionaram seu balanço, a empresa não abriu mão dos compromissos ambientais, desenvolvendo projetos de manejo e ampliando as áreas florestais de preservação. Em 2014, os ativos biológicos da Klabin passaram de R$ 336,3 milhões para R$ 924,1 milhões.

Em termos financeiros, o ano de 2014 trouxe inúmeras conquistas. O lucro líquido totalizou R$ 730 milhões, um salto de 152% ante o resultado apurado em 2013. A receita líquida chegou a R$ 4,8 bilhões, com expansão de 6,3% na base de comparação. E isso em um cenário adverso. O setor de embalagens é um dos mais precisos termômetros da atividade industrial de um país. Se a economia não anda, as encomendas de embalagens despencam. Com o PIB brasileiro estagnado em 2014, a empresa precisou buscar alternativas que aliviassem o problema. “A Klabin investiu na flexibilidade da produção e em projetos de exportação”, diz o presidente Fábio Schvartsman. “Só assim foi possível fechar 2014 com um saldo positivo.”  Quando fala em flexibilidade, o executivo se refere a ajustes para converter uma linha de produção de um tipo de papel para outro. Isso é especialmente complicado para uma empresa com 15 fábricas em operação no País e produção anual em torno de dois milhões de toneladas de papel. Apesar do desafio, o rearranjo funcionou e ajudou a Klabin a conter perdas. Se no ano passado a economia brasileira parou, em 2015 o País passou por um colapso financeiro. Como o mercado doméstico encolheu drasticamente, a Klabin voltou as atenções para o Exterior. Embora os números ainda não tenham sido fechados, a companhia estima que, neste ano, destinará para estrangeiros o maior volume de sua história, entre 35% e 40% das vendas. “Temos conseguido compensar a fraqueza da economia doméstica”, diz Schvartsman.

O ano de 2014 também foi marcado pela aceleração do Projeto Puma. Trata-se de uma nova fábrica de celulose na cidade de Ortigueira, no Paraná, que consumirá investimentos de R$ 6,8 bilhões – é o maior desembolso da história centenária da empresa. Com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, a unidade deve ficar pronta no primeiro semestre de 2016. “Em março, começa a operação de fibra curta e, um pouco depois, a de fibra longa”, afirma o presidente da empresa. “É preciso estabilizar a primeira linha para evitar interferência. As partir do início de abril, as duas linhas vão funcionar plenamente.” A fábrica deverá proporcionar um novo ciclo de crescimento para a Klabin. Projeções da companhia mostram que a unidade tem potencial para dobrar a geração de caixa. Além disso, será fundamental para elevar a receita com exportações, ainda mais vital em tempos de crise no Brasil.


Diferencial: para  se destacar e obter bons resultados financeiros, a Cenibra aposta na integração da fábrica com a silvicultura. Além disso, tem investido cerca de US$ 100 milhões em novas tecnologias e melhorias de processos

O mercado internacional também impulsionou os resultados da Cenibra, uma das três maiores fabricantes de celulose do País, vencedora em GESTÃO CORPORATIVA em AGRONEGÓCIO INDIRETO – GRANDES EMPRESAS. Entre janeiro e outubro de 2015, as remessas de celulose para o Exterior geraram receitas de US$ 476,6 milhões, ante US$ 470 milhões no mesmo intervalo de 2014. Em termos de volume, a companhia exportou 9,6 mil toneladas a mais na comparação entre os dois períodos. “Como exportamos 95% da produção, a crise não nos atingiu”, diz Paulo Eduardo Rocha Brant, presidente da Cenibra.

O executivo ressalta a integração da fábrica com a silvicultura como fator determinante para os bons resultados financeiros. “Uma companhia de celulose tem duas empresas dentre dela, a florestal e a industrial”, afirma Brant. “Fizemos no ano passado um esforço muito grande para que essas duas partes se integrassem.” O esforço, diz ele, inclui investimentos de cerca de US$ 100 milhões em novas tecnologias e melhorias de processos. Um dos desafios superados foi a mecanização de praticamente toda a colheita da Cenibra. Como a empresa possui muitas terras em áreas montanhosas, o processo de colheita costumava ser mais complexo do que o realizado pelos concorrentes. Com um novo ciclo de investimentos, o problema acabou.

O mercado nacional de celulose coleciona bons resultados em 2015. No acumulado do ano, até outubro, a produção chegou a 14,1 milhões de toneladas, alta de 4,6% sobre o mesmo período de 2014. As exportações avançaram 7,3%. No segmento de papel, o impacto das compras internacionais foi ainda maior, com alta recorde de 22,6%. Enquanto vários outros setores lamentam as dificuldades impostas pela crise econômica, o setor de papel e celulose comemora o saldo de US$ 5,3 bilhões na balança comercial de janeiro a outubro, ou 15,3% a mais que no mesmo período de 2014. Para empresas como Klabin e Cenibra, a crise ficou mesmo para trás.