O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira, 18, que as medidas tomadas pelo governo abrem espaço para que o Banco Central reduza os juros de maneira técnica.

Questionado sobre a responsabilidade na manutenção do nível elevado dos juros em entrevista ao programa Caminhos, conduzido na CNN Brasil pelo empresário Abilio Diniz, Haddad respondeu que o novo governo tenta, na verdade, corrigir o que chamou de “loucuras” cometidas pela administração anterior em ano eleitoral.

Nesse ponto, sustentou que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desorganizou o orçamento em R$ 300 bilhões, ou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e que leva-se tempo para corrigir. Nesse sentido, reforçou, a taxa Selic teve de chegar a 13,75%.

“As medidas que este governo tem tomado para reverter quadro do governo anterior dão espaço para mudança de patamar da taxa de juros”, disse Haddad, acrescentando que a discussão já não é mais sobre o que fazer, mas sim “quando” os juros podem cair.

Para Haddad, a discussão sobre a queda da Selic é técnica e não pode ser política, mas é legítima. “Dentro da técnica, é possível discutir (o corte de juros).”

Eletrobras

Haddad afirmou na entrevista que a lei de privatização da Eletrobras é “controversa” e foi muito criticada, mesmo por defensores da mudança de controle da companhia. “No caso da Eletrobras, se você consultar as pessoas do mercado, a lei foi muito criticada, mesmo por quem defendia a privatização. A lei foi muito controversa”, disse.

Segundo Haddad, o Brasil é uma democracia sólida, com instituições fortes e caberá ao Judiciário decidir se o Executivo tem razão em questionar os moldes da privatização da companhia.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal que pede a ampliação do poder de voto da União na Eletrobras. O processo foi distribuído a Kássio Nunes Marques, que já relata ações que questionam a privatização da empresa.

A União detém 43% da Eletrobras, privatizada em junho do ano passado, mas seu poder de voto é limitado a 10%. A ação que questiona essa trava foi ingressada AGU em 5 de maio.