16/02/2022 - 21:27
O deputado federal José Priante (MDB-PA), primo do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), criticou as ações da Polícia Federal contra o garimpo ilegal que assola a região de Itaituba. Na segunda feira, 14, a PF deflagrou a Operação Caribe Amazônico, nas proximidades da terra indígena Munduruku, com o objetivo de reprimir atividades de garimpo ilegal no Rio Tapajós, por meio da apreensão de materiais e destruição de maquinários utilizados na prática ilegal.
Em entrevista ao Estadão, Priante disse que a operação “é um espetáculo que está sendo feito”, ao referir-se à queima dos equipamentos. “Salvo o Greenpeace, qualquer pessoa se assusta com uma atitude dessa. É uma operação de guerra, uma ação hollywoodiana”, comentou.
José Priante disse que esteve no Palácio do Planalto para protestar contra a destruição das máquinas. “Fui com o prefeito de Itaituba, Valmir Climaco (MDB), para fazer um registro de que estão tocando fogo, destruindo os equipamentos. É uma ação de pouca inteligência, destruir ativos que podem ser utilizados por prefeituras, é algo desinteligente”, comentou.
Segundo parlamentar, que é autor de um projeto de lei de 2017 que tenta impedir a destruição de bens apreendidos em ação ambiental criminosa, os fiscais fazem “algo espetaculoso” e essa atitude merece revisão. “Não estou defendendo o garimpo ilegal, mas a não destruição de equipamentos. Que coloquem para leilão ou vendam. Fomos ao Palácio do Planalto para fazer um registro do que pensamos. Não dá para destruir”, disse.
O deputado disse que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se comprometeu em levar o assunto ao presidente Jair Bolsonaro, que já deixou clara a sua posição contrária à destruição de equipamentos em outras operações realizadas em parceria entre PF, Ibama e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
Questionado sobre o bloqueio que manifestantes fizeram à sede do ICMBio na madrugada desta quarta-feira, 16, em protesto contra as ações policiais, o deputado afirmou que “violência gera violência”.
“A gente ouve e sabe disso desde cedo. Tem entre 50 mil e 100 mil garimpeiros na região. Vai ser na base de bomba, de destruição? A forma com que a situação está sendo tratada está gerando reações”, disse. “É um desperdício destruir ativos. Eu sou a favor de que seja coibida a atividade irregular, mas estão criando um clima de guerrilha.”
José Priante disse que não defende o garimpo ilegal, que reconhece o ato como ilegalidade, mas cobra o fim da destruição das máquinas. “Não estou defendo o garimpo ilegal, a irregularidade, mas afirmo que garimpeiro não é bandido. É desinteligente destruir o equipamento. Não tem ambientalista que me justifique isso. É um desperdício destruir ativos. Eu sou a favor de que seja coibida a atividade irregular. Está se criando um clima de guerrilha.”
A destruição de máquinas é uma ação prevista em lei. A queima de equipamentos não apenas inviabiliza financeiramente o crime, como, em muitas ocasiões, é uma medida para garantir a segurança dos próprios agentes, dado que a remoção pode ser complexa e arriscada, com riscos de emboscada.
A reportagem questionou a Casa Civil sobre o assunto, mas não houve retorno. Segundo José Priante, o ministro Ciro Nogueira se comprometeu em levar o assunto ao presidente Jair Bolsonaro.