01/04/2009 - 0:00
“Temos uma história de sucesso no algodão, mas hoje a estratégia é outra. Queremos mostrar que a expertise do algodão implica o sucesso das demais culturas”
, novo presidente do Grupo Maeda, fala dos desafios à frente da companhia que ficou conhecida como a empresa de algodão mais verticalizada do mundo. Hoje, a área de soja da Maeda já supera a da pluma, o que obriga o grupo a fazer uma repaginação de sua imagem.
DINHEIRO RURAL – O sr. assumiu a presidência do Grupo Maeda com a missão de reestruturar a companhia…
FÁBIO MEDEIROS – A mudança está associada à profissionalização. É uma reestruturação do negócio. A Maeda tem uma história de sucesso no algodão, mas hoje a estratégia é outra.
RURAL – Nesta mudança de foco, a área de soja já superou a de algodão?
MEDEIROS – Sim. Na safra 2007/2008, a Maeda plantou 70 mil hectares. Hoje está com 100 mil hectares e o crescimento está associado à soja e ao milho. O algodão tem um papel importante, mas não cresceu na última safra por uma decisão consciente, um entendimento que a melhor forma de crescer é diversificar.
RURAL – Isso não é um problema pelo fato de a Maeda ter a imagem associada ao algodão?
MEDEIROS – A Maeda sempre plantou soja, mesmo por uma questão de rotação de culturas. A empresa quer manter a imagem de uma produtora de algodão de altíssima qualidade, mas não tem mais a aspiração de ser o maior produtor de algodão do Brasil. Queremos mostrar que a expertise agrícola no algodão implica o sucesso das demais culturas.
RURAL – Por que o grupo resolveu sair do ramo têxtil no ano passado?
MEDEIROS – A saída do segmento têxtil está associada ao entendimento de qual é a competência-chave da Maeda. Quando olhamos para o negócio, vemos a execução agrícola permeando todas os aspectos. Na fiação, estamos falando de um setor no qual as competências são diferentes.
RURAL – Qual seria a missão da Maeda hoje?
MEDEIROS – É consolidarse como um dos maiores operadores agrícolas do País, tomando a decisão em bases anuais de qual é o mix de cultura mais adequado para maximizar a rentabilidade de cada hectare.
RURAL – Como é a atuação no ramo imobiliário?
MEDEIROS – Nossa parceria com a BrasilAgro é focada em novas fronteiras. Olhamos para áreas novas, onde a terra precisa ser preparada. Durante esse processo, cria-se uma apreciação imobiliária. É um desenvolvimento que exige uma estrutura de capital e tem uma perspectiva de tempo maior.
RURAL – Já compraram alguma coisa?
MEDEIROS – Fizemos um investimento na Fazenda Jaborandi, na Bahia, que é uma área de 30 mil hectares, sendo 25 mil agricultáveis. É uma terra que já tem uma apreciação imobiliária: o hectare custa mais de R$ 7 mil.
RURAL – Vocês firmaram parceria com a Santelisa Vale e com a British Petroleum para a construção da usina Tropical. Neste momento de crise do setor sucroalcooleiro, como ficam as obras?
MEDEIROS – Este investimento conjunto não é uma onda de oportunidade. Hoje a Tropical é uma empresa operacional e deve atingir a capacidade de moagem da primeira fase, 2,5 milhões de toneladas, nesta safra. Continuamos com planos de expansão, mas eles estão sendo adaptados ao momento econômico.
RURAL – Seu objetivo à frente da Maeda é a abertura de capital?
MEDEIROS – O objetivo é qualificar a empresa para abrir capital. Estar qualificado é ter regras de governança estabelecidas e extremamente estruturadas. Se a gente olhar os benefícios que essa qualificação traz, a abertura é uma consequência, não o fim.
RURAL – O sr. assumiu a empresa num período de crise financeira mundial. Isso tem afetado o grupo?
MEDEIROS – A Maeda fez a lição de casa. O processo de reestruturação foi acelerado ao longo de 2008 e permitiu que a empresa chegasse a uma situação diferenciada para enfrentar esta crise.