06/01/2021 - 14:04
A pandemia do novo coronavírus, a demora da vacinação, o desemprego, a crise política, a disseminação de fake news, além dos problemas pessoais de cada um podem impedir reflexões sobre as coisas boas que acontecem na vida, das situações mais significativas até as mais simples. Esse turbilhão de emoções gera ansiedade, depressão, fobias e diversos outros problemas psicológicos. No Brasil, o Dia da Gratidão é comemorado em 6 de janeiro, coincidentemente, no Dia de Reis, no qual os cristãos relembram a chegada dos reis magos após o nascimento de Jesus. Em 21 de setembro, a data é celebrada mundialmente.
Quando falamos sobre “lembrar das coisas boas da vida”, existe uma linha tênue com a chamada “positividade tóxica”, ou seja, pessoas que, no lugar de enfrentarem os problemas, ignoram os fatos e imaginam que esteja tudo bem. Não é isso. A questão é que, em diversos momentos, nos cansamos das notícias ruins, do clima pesado em família, da falta de emprego, do relacionamento amoroso que nos faz sofrer. Nos sentimos impacientes com os amigos, com os filhos, pais, irmãos, com todo mundo.
Ao mesmo tempo, as pressões sociais nos atrapalham a pensar sobre o que é importante para nós. Afinal, as coisas são “urgentes”, você tem pressa, o chefe tem pressa. Tudo é para ontem. Somos reféns de um tempo que soa como ruído na mente. Pense comigo: se tirarmos das nossas vidas todos os problemas e dilemas, o que sobra? Ah, para você, talvez, tomar um sol na rua após meses de quarentena pode trazer um bem estar inigualável. Ou beber uma simples xícara de café no quintal, no silêncio, seja um alívio. Correr, ganhar um jogo, conquistar algo pode te dar uma sensação catártica, ou seja, uma descarga emocional que proporciona um alívio de tensão e ansiedade – descrito inicialmente por Aristóteles, mas com reflexões aprofundadas na Psicologia.
No consultório de psicoterapia, não é raro o paciente ter dificuldade em responder a questão: você é grato por algo?
Reflexões sobre a gratidão
Falar em agradecer pelas coisas boas faz com que muita gente associe o ato à uma crença religiosa. Porém, ao parar para pensar, somos gratos por muita coisa. Quando alguém te ajuda a resolver um problema ou faz uma gentileza, de forma espontânea, somos gratos. A educação exige que a gente diga “obrigado”, não é? Não é sobre o transcendental, mas sobre nós, os outros e a empatia.
Em um sentido mais amplo, ser grato pelas situações e conquistas que você alcança dá um recado positivo ao cérebro: eu consigo realizar algo. Em algum momento da vida, alguém pode ter dito à você que não seria capaz de concluir o que pretendia, mas você o fez.
Um exercício simples e que pode fazer com que qualquer pessoa pratique a reflexão sobre gratidão:
– Faça uma lista sobre todas as coisas que te proporcionam sensação de felicidade.
– Escreva coisas simples, como conversar com um amigo, até as mais significativas, como conseguir um emprego ou conquistar um amor.
– Diga três qualidades que você admira em si mesmo.
– Pense em três coisas que fizeram por você ou para você e que te deixaram feliz.
Pensar sobre a gratidão na sua vida causará certo alívio emocional e pode dar um “chega pra lá” na angústia. O que acha de tentar?