Homenagens em diversas partes do Brasil nesta quinta-feira, 2, marcam o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, divindade católica, com festas e celebrações especiais. Na mesma data, também é comemorado o dia de Iemanjá, uma das principais orixás das religiões de matriz africana, ocasião em que muitas pessoas depositam oferendas para ela no mar.

A Nossa Senhora dos Navegantes está muito vinculada às tradições portuguesas, justamente pela busca de proteção para aqueles que vão se guiar aos mares. “Tem grande importância em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde até é feriado, porque é a padroeira afetiva da capital”, afirma Oscar D’Ambrosio, pós-doutor e doutor em educação, arte e história da cultura. Também é feriado municipal em outras cidades gaúchas, como Torres.

Conforme D’Ambrosio, vale lembrar ainda que todas as Nossas Senhoras são, na verdade, a própria Virgem Maria, vista de várias formas diferentes ao longo da tradição Mariana. “É Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, é a Virgem de Guadalupe, no México, por exemplo. A Nossa Senhora dos Navegantes está muito ligada a ideia de conquistar novos locais. Aqueles que viajam pelo mar pedem proteção especialmente para ela”, diz o especialista. Também é conhecida como a padroeira dos marinheiros, pescadores e jangadeiros.

Já Iemanjá é considerada a mãe de quase todos os orixás dentro do Candomblé e da Umbanda. “Tem uma faceta muito forte, que é a ideia de ser praticamente o ventre do mundo, por estar relacionada com as águas. Também é associada a ideia de reger o destino de todos aqueles que entram ou vivem perto do mar”, afirma.

Também, em algumas ocasiões, Iemanjá chega a ser chamada de Afrodite brasileira. “Todos lembram da imagem clássica do quadro ‘O Nascimento de Vênus’ do pintor italiano Sandro Botticelli. Na tela, Vênus (na mitologia romana) ou Afrodite (na mitologia grega) emerge das águas do mar sobre uma concha. Com isso, também existe a relação do amor. Muitas vezes, Iemanjá é referenciada como divindade a qual os apaixonados pedem por suas demandas afetivas e amorosas”, diz ele.

Desta forma, embora a Nossa Senhora dos Navegantes e a Iemanjá tenham cada uma a sua tradição, ambas estão ligadas pelo mar. “Existe essa correlação entre uma divindade de matriz africana e uma divindade católica, em razão da regência do mar como universo de transformação. O mar também funciona como um símbolo do nascimento da vida, do útero materno e da proteção do ser humano”, afirma D’Ambrósio.