A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Cleveland, Loretta Mester, afirmou nesta terça-feira, 11, que não prevê cortes nas taxas dos Fed Funds no próximo ano. No entanto, ela ponderou que isso se baseia em sua própria leitura. “Ajustarei minhas opiniões com base nas implicações das informações econômicas e financeiras recebidas”, ponderou, durante discurso no Clube Econômico de Nova York.

Segundo Mester, a inflação “inaceitavelmente alta e persistente” continua sendo o principal desafio, assim como as interrupções na cadeia de suprimentos. Dessa forma, para ela, o BC americano precisa continuar a aumentar as taxas de juros. “Riscos para as previsões de inflação estão enviesados para o lado positivo”, destacou. “Estamos empenhados em usar ferramentas para chegar a estabilidade de preços. Política monetária, que ainda não é restritiva, precisará se tornar para chegarmos nos 2%”, defendeu.

Segundo ela, a trajetória mediana dos Fed Funds tem taxas subindo para 4,4% até o final deste ano e para 4,6% no próximo ano. Embora esteja claro que as taxas precisam subir de seu nível atual, o tamanho dos aumentos dependerão das perspectivas de inflação, pontuou. “Analisaremos uma variedade de dados e coletaremos informações econômicas para ajudar a orientar nossas decisões políticas”, garantiu. “Dadas as condições econômicas atuais e as perspectivas, na minha opinião, neste momento, os maiores riscos vêm de apertar muito pouco e permitir que uma inflação muito alta persista e se incorpore à economia”, completa.

No entanto, a banqueira central argumenta que levará alguns anos até que a inflação retorne à meta de 2%. “Dadas as condições financeiras apropriadamente restritivas, minha perspectiva é que a inflação caia sensivelmente no próximo ano, para cerca de 3,5%, e continue caindo, atingindo nossa meta de 2% em 2025”, prevê. Esse retorno à estabilidade, no entanto, implicará em crescimento abaixo da tendência nos próximos anos. “É possível que um choque leve a economia dos EUA à recessão por um tempo”, ressaltou.

Com relação ao mercado de trabalho, ela destaca que há alguns sinais de moderação, porém as condições continuam fortes, com a demanda superando a oferta. A dirigente também foi questionada sobre o balanço patrimonial, e ela respondeu não saber até quanto ele deve ser reduzido.