01/08/2009 - 0:00
No começo de agosto o frigorífico brasileiro JBS-Friboi anunciou a abertura de capital de sua subsidiária americana, a JBS USA Holdings, na bolsa de Nova York. Com a operação, que aguarda apenas aprovação da comissão norte-americana de valores mobiliários, a empresa pretende captar algo em torno de US$ 2 bilhões, o que seria a maior emissão do ano na NYSE – New York Stock Exchange. Mas não é só o dinheiro que move o grupo fundado por José Batista, o “Zé Mineiro”, nesta empreitada. Depois de transformar o açougue da família no interior de Goiás na maior processadora de carne bovina do planeta, eles querem, enfim, firmar sua marca no Exterior.
Os primeiros passos neste sentido foram dados em dezembro de 2008, quando a JBS USA lançou seu programa de recibo de depósitos de ações – ADRs, em inglês – visando apresentar a empresa ao mercado. “Os ADRs podem ajudar os investidores a entender melhor a JBS e olhar para a empresa não apenas como um frigorífico brasileiro. Somos uma companhia com origem no Brasil, mas hoje operamos na Austrália, Itália, nos Estados Unidos e na Argentina”, disse Joesley Batista, presidente da JBS, na ocasião.
O lançamento oficial dos papéis da JBS USA na bolsa de Nova York está previsto para acontecer ainda em setembro, mas como eles conseguirão firmar sua marca num mercado tão competitivo como o norte-americano? De acordo com Eduardo Tomiya, professor da Fundação Getulio Vargas e diretor da consultoria de gestão de marcas Brand- Analytics, é fundamental que a empresa mostre corretamente sua cultura, seus valores e principalmente seus diferenciais competitivos como líder mundial em seu segmento.
“Eles devem realizar algumas ações para que os acionistas do mercado da NYSE conheçam melhor os diferenciais da empresa. A despeito de muitos acharem que o nome Friboi pode ser pouco pronunciável, a empresa talvez tivesse que entender um pouco mais sobre a percepção dos investidores sobre seu nome. Mas, definitivamente, várias empresas como Petrobras e Vale, quando tiveram que realizar ADR, por exemplo, se preocuparam com a correta comunicação da marca”, explica Tomiya.
Com mais visibilidade no mercado internacional, a empresa passará a ter maior facilidade em captar recursos, tanto por meio de empréstimo bancário quanto por emissão de novas ações, se tornando ainda mais atrativa aos acionistas. “Quando há uma distorção de preços, os investidores aproveitam para ampliar seus ganhos comprando as ações onde está barato e vendendo onde está caro. Isso é chamado de arbitragem. É incontestável que este ponto afeta a empresa e seu valor, seja no mercado brasileiro, seja em Nova York. Porém, definitivamente, os ganhos de exposição e visibilidade serão bem maiores que esta desvantagem”, completa o especialista.