O dólar iniciou em alta nesta sexta-feira, pela terceira sessão seguida. Pesam temores de ingerência do presidente da República, Jair Bolsonaro, na política de preços da Petrobras, a queda do petróleo e o dólar forte ante divisas emergentes pares do real, peso mexicano, lira turca, rublo e rand sul africano. O American Depositary Receipts (ADR) de Petrobras operava em queda de 2,77% em Nova York pouco antes do fechamento deste texto e o Ibovespa futuro recuava 0,80%, aos 118.250 pontos.

Após o quarto aumento dos combustíveis neste ano, anunciado ontem, Bolsonaro anunciou que a partir de 1º de março não haverá qualquer imposto federal incidindo sobre o preço do óleo diesel por dois meses. O gás de cozinha também terá impostos federais zerados e a redução, segundo Bolsonaro, será permanente. O presidente, que não pode interferir na estatal, ressaltou que “vai ter consequência”.

Bolsonaro sugeriu ainda, sem entrar em detalhes, que “alguma coisa” acontecerá na Petrobras nos próximos dias. “Eu não posso interferir e nem iria interferir (na Petrobras). Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias, tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”, disse.

Cálculos do diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Felipe Salto, mostram que zerar a cobrança da alíquota de PIS/Cofins sobre o óleo diesel por dois meses significa abrir mão de R$ 3,3 bilhões. Esse montante, explica em sua conta no Twitter, representa 10% do custo “aventado” pelo governo brasileiro para a retomada do auxílio emergencial, que ainda não saiu do papel.

O investidor também mantém no radar a promessa do governo de apresentar o relatório da PEC Emergencial, que vai tratar do auxílio emergencial, até segunda-feira. A intenção é viabilizar um acordo para aprovação da proposta em dois turnos na quinta-feira, permitindo o envio do texto no mesmo dia à Câmara dos Deputados. A cúpula do Congresso tenta encaminhar a discussão da PEC paralelamente ao Orçamento de 2021, cuja votação está prevista para o dia 24 de março.

No exterior, o euro e a libra se fortalecem ante o dólar após PMIs da Zona do Euro, Alemanha e do Reino Unido melhores que o esperado. Mas a queda do petróleo pesa nas moedas emergentes e ligadas a commodities em meio a preocupações de que a interrupção de atividades em refinarias no Estado americano do Texas possa levar a um aumento nos estoques de petróleo dos EUA nas próximas semanas. São esperados ainda o PMI dos EUA e um discurso do presidente americano Joe Biden em reunião do G-7.

Às 9h25, o dólar á vista desacelerava a alta, cotado a R$ 5,4453 (+0,08%). O dólar para março subia 0,31%, a R$ 5,4455.