O dólar encerrou a sessão em alta de 0,12%, cotado em R$ 5,1064, em leve recuperação após ter sustentado baixas em relação ao real na maior parte da tarde desta sexta, 13. Apesar do ganho na última meia hora do pregão, a moeda americana encerrou a semana em queda de 2,48%, o mais intenso movimento de recuo semanal desde o início de dezembro. No ano, perde 3,29% na comparação com a moeda brasileira, que teve a sexta melhor performance entre as 25 principais moedas emergentes.

Agentes do mercado consultados pelo Broadcast atribuem o desempenho do real esta semana a uma combinação de dois fatores. Enquanto o ambiente externo se mostrou favorável – com a expectativa de desaceleração do aperto monetário nos Estados Unidos e a alta das commodities -, a resposta dos Três Poderes aos atos golpistas do último domingo, 8, e o anúncio de um plano de ajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ontem, diminuíram a percepção de risco doméstico.

“O que está movendo o mercado mais estruturalmente é a taxa de juros americana, porque a expectativa de alta diminuiu. As taxas de dois, cinco e dez anos caíram bem, abaixo da mínima de dezembro, o que é positivo para a gente”, diz o chefe da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “A Europa teve um inverno mais ameno, o pessoal está virando a cabeça com relação à recessão lá. A gente tem também a reabertura da China, com demanda por commodities, o que é bom para o Brasil.”

As expectativas de desaceleração do ritmo de aperto monetário por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mantiveram a pressão sobre o dólar ao longo do dia, após a divulgação de dados de inflação mais fracos do que o esperado ontem. Ao mesmo tempo, a reabertura da China continuou sustentando a alta das commodities. O petróleo ganhou mais de 8% na semana.

No ambiente doméstico, os mercados mantiveram a avaliação de que o plano de ajuste fiscal anunciado ontem por Haddad representa uma preocupação do governo com as contas públicas. Para o diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, o governo se mostrou empenhado em reduzir o déficit primário de 2023, embora ainda se mostre “relutante” em reconhecer a necessidade de cortes efetivos dos gastos públicos.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, considera que a combinação entre o ambiente global favorável e a redução dos ruídos domésticos explica o rali da moeda brasileira esta semana. “Tirou um pouco de pressão o governo sinalizar uma preocupação sobre como vai cobrir o rombo de gastos, aliviou a tensão do mercado”, diz o analista, que vê espaço para novas rodadas de apreciação do real caso novas medidas de política fiscal sejam anunciadas.